Hoje, às 17h, no Maracanã, tem a final da Taça Libertadores da América. O título deixará Palmeiras ou Santos em um novo patamar no futebol sul-americano.
O time alviverde, que passou por Delfín/EQU, Libertad/PAR e River Plate/ARG, tentará seu segundo troféu do torneio mais importante do continente. Se vencer, pode se colocar como um dos clubes mais organizados do País. O rival alvinegro, que passou por LDU, Grêmio e Boca Juniors, quer se isolar como o brasileiro com mais títulos, quatro, dois deles com Pelé e um sob o comando de Neymar.
Campeão em 1999, o Palmeiras viu os três rivais paulistas conquistarem a Libertadores neste século. É o único título que falta no ciclo vitorioso que o clube iniciou com sua reconstrução em 2015, ao lado da patrocinadora Crefisa.
De lá para cá, venceu Copa do Brasil, Brasileiro e Paulista, mas sempre esbarrou na competição sul-americana. Não à toa, a Libertadores é chamada de “obsessão” pelos torcedores da equipe
O técnico Abel Ferreira sabe da importância da Libertadores e disse que o elenco está preparado para a decisão. “É um jogo muito particular, é uma final. É fruto de um grande trabalho das duas equipes. Chegam as duas com mesmo desejo e ambição. Quando chegar o momento do apito do árbitro, temos que concentrar nossa energia para o plano de jogo”.
Já o Santos venceu o torneio pela última vez em 2011, com aquele time liderado por Neymar. Antes, já havia conquistado a Libertadores duas vezes, em 1962 e 1963, na era Pelé.
Agora, buscará o tetra para deixar para trás os também tricampeões São Paulo e Grêmio. Se ganhar, será o único clube do Brasil a ter quatro conquistas. O que já está certo é que o futebol brasileiro chegará a 20 conquistas da competição, contra as 25 dos argentinos, os que mais venceram a Libertadores.
O técnico Cuca ressaltou que o fator psicológico será fundamental para a decisão. “Um jogador para desempenhar precisa estar psicologicamente bem. E nós estamos bem. A julgar daí, estamos 100%. Vamos fazer tudo e mais um pouco para tentar conquistar o título. Lá pelas 19h ou um pouco mais tarde, é que vamos saber se tudo o que a gente fez foi o suficiente para ser campeão”.
Ao contrário do Palmeiras, que desde 2015 vem acumulando grandes conquistas, o Santos iniciou 2020 pouco esperançoso por um título. O clube não conseguiu segurar o técnico Jorge Sampaoli para a temporada e sofreu com atrasos salariais e outros problemas de gestão que culminaram no afastamento do presidente José Carlos Peres.
Apesar da tradição de Palmeiras e Santos na Libertadores, a conquista do principal torneio de clubes do continente é um feito raro no currículo da maioria dos jogadores das duas equipes.
Dos finalistas que disputam o título, somente Willian Bigode, Marcos Rocha, Pará, Vladimir e Carlos Sánchez já venceram a competição. O lateral santista, aliás, já foi campeão em duas oportunidades, e pode fazer história se levantar a taça pela terceira vez.
Conhecido por seu empenho e garra em campo, Pará pode ser tricampeão e entrar no seleto rol de atletas brasileiros que mais venceram o torneio continental. A lista tem o ex-lateral-direito Vitor, o ex-zagueiro Fabiano Eller, o ex-lateral esquerdo Ronaldo Luiz, o ex-meia Palhinha e o ex-atacante Elivélton, todos com três títulos cada.
Pará pode ainda ser o segundo jogador brasileiro a conquistar dois títulos seguidos por clubes diferentes e igualar Vitor, campeão pelo Cruzeiro em 1997 e Vasco da Gama em 1998. O jogador, de 34 anos, ganhou a Libertadores pelo próprio Santos em 2011 e pelo Flamengo em 2019.
Pará e o goleiro Vladimir são os únicos dois remanescentes do elenco santista que venceu o tricampeonato em 2011 e tinha estrelas como Neymar e Paulo Henrique Ganso. O experiente lateral participou de 10 dos 14 jogos daquela campanha e agora pode fazer história pela equipe alvinegra.
Willian Bigode foi campeão pelo Corinthians em 2012. Já Marcos Rocha foi um dos protagonistas do título do Atlético/MG, que tinha nomes como Victor, Bernard, Ronaldinho Gaúcho e Jô no elenco.
Nesta temporada, o lateral deu cinco assistências e marcou dois gols em 43 jogos disputados, enquanto o atacante é o jogador do elenco que mais vezes entrou em campo na temporada e tem balançado as redes com frequência. São 62 jogos disputados em 66 possíveis e 18 gols marcados. Desde que chegou, ele anotou 56 tentos é o vice-artilheiro do Palmeiras no século, por qualquer competição, atrás só de Dudu (70).
Brasileiros
Disputada pela primeira vez em 1960, a Libertadores só teve três finais entre times do mesmo país até hoje. A primeira vez foi em 2005, quando se enfrentaram São Paulo e Athletico-PR. O Furacão mandou o duelo de ida no Beira-Rio e empatou por 1 a 1. Na volta, no Morumbi, o Tricolor goleou por 4 a 0 e assegurou o tricampeonato sul-americano.
No ano seguinte, o São Paulo voltou à decisão da Libertadores, desta vez contra o Internacional. Diferentemente de 2005, o primeiro jogo foi no Morumbi, com vitória colorada por 2 a 1, em grande atuação do atacante Rafael Sobis. O empate por 2 a 2 no Beira-Rio deu aos gaúchos o primeiro título da Libertadores.
Em 2007, a Conmebol determinou que não poderiam mais ocorrer finais entre clubes do mesmo país. Por isso, nas semifinais daquele mesmo ano, apesar de estarem em lados opostos do chaveamento, Santos e Grêmio tiveram que se enfrentar antes da decisão. A medida foi mantida até 2017.
Um ano depois, o confronto valendo o título voltou a reunir dois times de uma mesma nação. Desta vez, os argentinos Boca e River. O jogo de ida, na Bombonera, terminou empatado em 2 a 2. Após um ataque de torcedores ao ônibus dos Xeneizes no caminho até o estádio Monumental de Nuñez, a partida de volta foi suspensa e levada para o Santiago Bernabeu, em Madri, na Espanha. Os Millionarios ganharam por 3 a 1 e ficaram com o título pela quarta vez.
A final entre Santos e Palmeiras será a primeira entre dois times de um mesmo estado do Brasil e também a primeira vez que a dupla se enfrenta em uma decisão no Maracanã.
O Peixe tem oito títulos no estádio carioca: quatro Campeonatos Brasileiros (1962, 1964, 1965 e 1968), três Torneios Rio-São Paulo (1963, 1964 e 1997) e o Mundial de 1963.
O Verdão ergueu duas taças no Maracanã: o Brasileiro de 1967 e a Copa Rio de 1951, competição que o clube pleiteia ser reconhecida como primeiro Mundial.
Mundial
O título da Libertadores também garante uma vaga na disputa do Mundial de Clubes, que será realizado no início do próximo mês no Catar. Uma possível conquista dá ainda mais prestígio ao time em busca de patrocínios e contratação de reforços.
O Santos ganhou o Mundial duas vezes, em 1962 e 1963, atrás no Brasil apenas do tricampeão São Paulo. Já o Palmeiras considera a Copa Rio de 1951 como Mundial, apesar de idas e vindas em relação ao reconhecimento da Fifa sobre o clube ser ou não campeão do mundo.
O campeão da Copa Libertadores vai disputar a semifinal do Mundial de Clubes no dia 7 de fevereiro, contra o vencedor do confronto entre Tigres (campeão das Américas Central e do Norte), do México, e Ulsan Hyundai (campeão da Ásia), da Coreia do Sul.
O Mundial de Clubes ainda conta com o alemão Bayern de Munique (campeão europeu), que enfrentará no dia 8 de fevereiro o vencedor do duelo entre Al Duhail (campeão nacional do Catar) e o egípcio Al Ahly (campeão da África). A decisão do Mundial será realizada no dia 11, no estádio Education City, em Doha.
Palmeiras x Santos
Palmeiras – Weverton, Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Luan, Viña, Danilo, Gabriel Menino, Zé Rafael, Raphael Veiga, Rony (Willian Bigode) e Luiz Adriano. Técnico – Abel Ferreira
Santos – John; Pará, Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan; Alison, Diego Pituca e Lucas Braga; Marinho, Kaio Jorge e Soteldo. Técnico – Cuca.
Árbitro – Patricio Hernán Loustau (ARG)
Local – Maracanã, 17h.