Nunca foi fácil ser mulher, antigamente éramos ‘propriedade’ de pais e maridos, eles decidiam por nós, decidiam sobre o que faríamos, quando faríamos, quantos filhos teríamos, não tínhamos carreira, não podíamos votar, vida limitada e infeliz, permeada por violência a nossos corpos, violências emocionais, mas éramos ‘seres inferiores, frágeis’ e que precisavam de um homem para nos ajudar.
Tempo passou, muitas lutas e hoje temos nossas vidas, nossas carreiras, nossas decisões, nossos corpos são nossos (são mesmo?), votamos, nos posicionamos, nos candidatamos, ocupamos cargo de chefia, que bom, né?
Sim e não! Evoluímos muito, a sociedade evoluiu muito, mas não a ponto de nos considerarem tão donas de nós mesmas como os homens. Alguns exemplos: a laqueadura precisava de autorização do marido até 09/03/2022, piadas sexistas são frequentes e causam riso (pasmem) em muita gente, ainda existem os que acreditam que mulheres dirigem mal, apenas por serem mulheres e as coisas pioram, sim, pioram! Mulheres nem sempre (ou quase nunca) recebem os mesmos salários que homens (por que?), são constantemente interrompidas em suas falas por homens que não dominam o conteúdo como elas, mas se propõe a dar uma ajuda (ainda que não solicitado), já que ela é mulher, né?
Existem, pasmem novamente, propaganda de jóias que sugerem (dê o anel e consiga relação sexual – somente com fotos – mas bem sugestivo).
Muitas pessoas ainda dizem: com essa roupa, o que ela espera? Depois o cara passa a mão e a culpa é dele. Sim, a roupa dela, na visão de algumas pessoas, exige uma passada de mão ou uma cantada barata. A mulher fuma e é vulgar. Ela bebe e está fácil e não pode reclamar do que lhe acontecerá, afinal: bebeu, né?
Saiu sozinha a noite? Esperava o que? Lógico que teria problemas, não se protegeu… Saiu com muitas pessoas? É fácil! Depois o ‘pior acontece’ e vem reclamar.
Poderia ficar aqui citando exemplos e exemplos e mais exemplos de como a mulher é vista como um objeto, um ser inferior e seus corpos serão violados se esta ‘não se comportar.’. SIM, É COMO SE NÃO SER VIOLENTADA FOSSE PRÊMIO POR BOM COMPORTAMENTO E NÃO DIREITO BÁSICO.
Precisamos de uma vez por todas aprendermos e ensinarmos nossas crianças que mulheres não são sexo frágil, que não precisamos nos sujeitarmos as opiniões dos homens, que achar um homem bom não é uma sorte e só acha a mulher que for recatada, boazinha e souber ouvir e obedecer. Precisamos urgentemente parar de culpar a mulher, sua roupa, sua bebida, seu cigarro, seu cabelo, seu jeito, sua dança pelas violências que venha a sofrer.
Nunca foi sobre a roupa da mulher ou sobre estar bêbada ou ‘provocando’. Mulheres s”ao violentadas em casa, quando crianças, no trabalho, no restaurante, no barzinho, na rua, em consultas, na praia, em Igrejas, na sala de parto também… dentre outros locais que deixam claro que NUNCA FOI SOBRE A MULHER PROVOCAR. Não se provoca tal violência. Precisamos parar com isso e mudar a educação de nossas crianças, para que denunciem adultos com comportamentos estranhos, para que não normalizem carícias e atitudes invasivas, para que não pensem que a culpa é da vítima.
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher” Simone de Beauvoir