Vivemos dias corridos, dias de muitos desafios, muitas vezes temos muitos problemas e estes nos consomem, todos enfrentamos batalhas hoje em dia, entretanto, isso não nos faz menos capazes de ouvirmos o outro, de darmos atenção as dores de quem nos procura para desabafar, isso não nos atrasa na resolução de nossos próprios problemas.
Nós, assim como as pessoas que nos cercam (nossos amigos, familiares, colegas de trabalho) muitas vezes precisamos falar, desabafar, nos sentirmos acolhidos, amados, precisamos perceber que alguém se importa conosco e com nosso sofrimento.
Não sejamos aquela pessoa que some diante do desabafo do outro, diante da necessidade de falar de quem nos procura. Não sejamos aquela pessoa que minimiza o sofrimento de quem nos procura para compartilhar suas dores. Sejamos a escuta carinhosa, sejamos a escuta interessada, aquela que ouve, que quer saber como a pessoa se sente, como está enfrentando as dores …
“Áh, mas eu nem sei o que falar quando a pessoa me faz um desabafo.”, prezado, nem sempre a pessoa quer e precisa que falemos algo, muitas vezes ela só precisa ser escutada, ser ouvida, ter atenção e afeto, se perceber acolhida, compreendida, receber o ‘colo que procurou’.
Viver é uma arte e como dizia Hermann Hesse: “Para a arte de viver, é preciso saber a arte de ouvir, sorrir e ter paciência… sempre.”.
Pensemos e nos coloquemos no lugar de quem fala e desabafa. Como deve estar sendo dolorido o que vive, como deve estar sendo difícil pensar em todos os problemas e não ver saída, como é ruim sentir-se sozinho e perdido, tanto que se expor e expor sua vida e problemas, falando deles parece menos assustador e dolorido do que ficar calado.
“Mas como eu vou ouvir, nem sei como faço e o que vou falar.”. Ouvir é um ato de empatia, é quando procuramos olhar com os olhos do outro suas dores, portanto, só precisamos estar atentos, escutar o que a pessoa nos diz, com atenção, com cuidado, com afeto. Ainda que não tenhamos as respostas corretas ou a solução para o problema, ouvirmos e acolhermos as dores de quem fala pode significar uma diminuição significativa da dor e do sofrimento de quem nos procurou, de quem falou conosco. Entendermos que o que o outro vive pode parecer pouco para nós, mas é muito para ele, é de grande ajuda.
Sejamos o ouvido carinhoso a quem nos procura, afinal, só falamos de nossas dores e de nossas situações mais difíceis da vida a quem confiamos e gostamos. Se somos procurados para ouvirmos dos problemas de nossos queridos, significa que somos importantes para eles e que somos muito queridos e que confiam em nós.
Lembremos que muitas vezes tudo o que precisamos é ouvirmos, sermos carinhosos, compreensivos, darmos atenção e dedicarmos um pouco de nosso tempo. Quase nunca precisamos oferecer soluções ou dar conselhos. Só a escuta já é a ajuda que podemos dar, só estarmos ali atentos e carinhosos.
Encerro com um convite a reflexão, do espetacular Rubem Alves: “Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.”.