Antes de começar a reflexão de hoje, achei por bem explicar o que Platão (filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga e autor de diversos diálogos filosóficos, além de fundador da Academia em Atenas que foi a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental), entendia por CAVERNA. Para ele a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem. As sombras projetadas em seu interior representam a falsidade dos sentidos, enquanto as correntes significam os preconceitos e a opinião que aprisionam os seres humanos à ignorância e ao senso comum.
A metáfora proposta pela Alegoria da Caverna pode ser interpretada da seguinte maneira: os prisioneiros da caverna são os homens comuns, ou seja, somos nós mesmos, que vivemos em nosso mundo limitado, presos em nossas crenças costumeiras, já a caverna é o nosso corpo e os nossos sentidos, fonte de um conhecimento que, segundo Platão, é errôneo e enganoso, as sombras na parede são distorções das imagens e os ecos são distorções sonoras, esses elementos simbolizam as opiniões erradas e o conhecimento preconceituoso do senso comum que julgamos ser verdadeiro. A saída da caverna: sair da caverna significa buscar o conhecimento verdadeiro., a luz solar ofusca a visão do prisioneiro liberto e o coloca em uma situação de desconforto, é o conhecimento verdadeiro, a razão e a filosofia.
Quando Karnal diz que o mundo virtual instalou uma catraca na Caverna de Platão, ele quer dizer que temos regredido constantemente, a ponto de estar, cada vez mais, vivendo como um prisioneiro da caverna, apesar de toda a informação e todo o conhecimento que temos a nossa disposição. Hoje em dia, com internet e redes sociais observamos que as pessoas têm ‘preguiça de pensar’. A preguiça tornou-se um elemento comum em nossa sociedade.
Hoje em dia podemos observar que notícias veiculadas pelo ‘whatsapp’ acabam tornando-se reais, apesar de serem mentirosas e absurdas, muitas das coisas que lemos, se pararmos para pensar, levaremos apenas cinco minutos, não mais que isso, para percebermos que se trata de um absurdo, de uma notícia falsa, de uma mentira, entretanto, muitos de nós estão acostumados a receber tais informações, acreditar piamente nelas e repassar a des-informação como se fosse a mais profunda verdade.
Triste realidade a nossa, tendo o mundo virtual à nossa disposição para pesquisarmos, para buscarmos conhecimento real, para nos ajudar a refletirmos sobre o que recebemos de notícias e, desta forma, conseguirmos buscar a verdade dos fatos.
Quantos conhecidos e amigos vemos repetindo absurdos com uma certeza e bradando ódio e raiva oriundos da mais pura repetição de inverdades e absurdos recebidos on-line. Muitas vezes tentamos mostrar que não faz sentido o que estes nos dizem ou bradam, mas isso é quase impossível, pois vira uma briga, um desentendimento sem fim.
Nesta época de eleições e de grandes divergências políticas, somadas à crise financeira, ética e moral em que nos encontramos, vale a pena buscarmos informações reais a respeito do que lemos e ouvimos. Hoje em dia quase nada é verdade, tudo é produzido para nos levar a crer que precisamos seguir ‘o fluxo’, seguir a maioria, sem refletir, apenas caminhando junto com os demais, repetindo frases feitas (que a maioria desconhece o significado) e conceitos errôneos.
Não vamos abrir mão de nosso direito de pensarmos, de buscarmos compreender a realidade à luz de conhecimento real e verdadeiro, vamos buscar confirmar se o que nos passam é verdade ou não. Somos seres pensantes, somos capazes de buscar a informação real e a verdade, somos capazes de fazermos nossa análise do que nos é apresentado. Engolir ‘verdades produzidas’ sem ao menos tentar compreender de onde e porque surgiram é primordial para que comecemos a melhorar, a buscar soluções reais e a fazer exigências cabíveis.
Encerro com um convite a reflexão: “Não há nada bom nem mau a não ser estas duas coisas: a sabedoria que é um bem e a ignorância que é um mal.” Platão