“Toda separação é triste. Ela guarda memória de tempos felizes (ou de tempos que poderiam ter sido felizes…) e nela mora a saudade.” – Rubem Alves
Áh, quando há a união, o casamento, tudo é bonito, tudo é alegria e amor, empolgação, planos e carinho, mas nem sempre estes sentimentos se sustentam e ‘resistem’ ao dia-a-dia, ao corriqueiro, às contas, aos problemas, aos problemas de saúde, vão surgindo diferenças de pensamento, um ou outro desentendimento passa a existir, o diálogo dá lugar às brigas, por vezes ameaças e ofensas, estar junto passa a ser um sacrifício e estar distante passa a ser uma dádiva.
Nestes casos, muitas vezes, acaba acontecendo a separação, o divórcio, os casais optam por findarem planos de uma vida conjugal e começam a fazer planos de voos solos, deixando apenas a criação dos filhos como território de união entre eles.
“Não devemos moldar os filhos de acordo com os nossos sentimentos; devemos tê-los e amá-los do modo como nos foram dados.” Johann Goethe
Nada mais correto, não é mesmo? Quantas vezes, em uma separação, não nos deparamos com pais (pai ou mãe) que acaba confundindo o papel de filho, com o papel de ex-cônjuge. Não é raro vermos um ou outro falando do genitor (a), como se o filho precisasse participar e escutar opiniões de quem é ou está ressentido com o outro.
Filhos precisam que seus pais sejam respeitosos uns com os outros, que sejam éticos, que saibam separar decepções amorosas de papel de genitor (a). Filhos aprendem mais com os exemplos que lhes damos, do que com as lições que contamos.
Por exemplo, se um filho vê um pai ofendendo a moral de sua mãe, se referindo à ela de forma desrespeitosa e agressiva, além de sofrer muito com isso, afinal, estamos falando da mãe dele, tende a ser desrespeitoso e agressivo ao se referir a pessoas que não gosta ou que deixou de gostar, afinal, tem o exemplo. A recíproca é verdadeira, se um filho escuta sua mãe ofendendo o pai, dizendo inverdades sobre ele, ficará machucado e sofrido, além de ter este exemplo para seguir quando for se referir a alguém com quem não se dá bem: poderá ofender ou denegrir o alvo de sua ‘briga’, pois este é o exemplo que teve.
Encerro com um convite a reflexão: “É necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal.” Mario Sergio Cortella