As histórias de separação sempre começam com uma história de amor, com um desejo de estar junto, de ser feliz, de não estar sozinho, de amar e ser amado, porém, elas nem sempre acabam de forma pacífica e tranquila, não é?
Muitas vezes o fim foi consequência de uma traição, de dificuldades de comunicação, de interferências familiares, dentre outros e nestes casos (com maior frequência) podem acontecer brigas, desentendimentos, tentativas de ‘dar o troco’ no outro, de mostrar que a dor que ‘causou’ tem consequência …
Vemos casais que, no momento da separação e depois dela, brigam muito. Brigam por pertences, por divisão de bens e de dívidas, brigam para achar culpados, brigam por pensão para os filhos. Vemos muitas vezes pais que não querem dar pensão ou querem dar um valor baixo para ‘não sustentarem os luxos da ex-esposa’ e mães que verbalizam que irão pedir uma pensão altíssima, para que ‘ele aprenda não trair mais’. Acompanhamos brigas infinitas por pensão, visitas, acusações de maus tratos, alienação, abuso que nem sempre são verdade, mas servem para causar no outro dor e sofrimento, para dar trabalho e ‘dor de cabeça’.
Se fosse apenas isso, já deveria ser repensado, não? É preciso que sigamos com a vida, que toquemos em frente, que busquemos se feliz, apesar da separação, das brigas, de uma traição, é preciso que busquemos nos reconstruir, reconstruir a vida a partir dali, sem viver em função de vingança, em função de maldades e de causar dor de cabeça… afinal como diz o ditado: “guardar ressentimento é como ingerir um copo de veneno esperando que o outro morra…”. Não precisamos disso, não é? Quem vive em função de guardar mágoa, ressentimento, quem não deixa ir embora o sentimento ruim, quem não segue em frente, fica sofrendo, fica se maltratando e à toa. Já foi, aconteceu, acabou, poderia não ter acabado, mas acabou, não é?
Mas “há tanta vida lá fora …”, como canta Lulu Santos, então, vamos buscar essa vida, vamos ser feliz, vamos fazer feliz, ter paz e deixar em paz.
E ainda têm as crianças que ficam nesse meio, nessa briga, nesse desentendimento… quem é melhor? A mamãe ou o papai? De quem você gosta mais? Nossa, a roupa veio suja, o banho foi mal dado, a criança caiu, a criança chorou e etc… tudo vira briga, em alguns casos Boletim de Ocorrência e brigas judiciais…coletam-se ‘evidências’ de quem é melhor ou pior e a criança fica no meio dessa confusão, dessa briga, deste estresse, desses questionamentos… elas vão se sentindo culpadas, pressionadas, com receio de perder um ou outro, com medo de falar alguma coisa e ‘se encrencar’, com medo de ‘magoar o papai’ ou ‘fazer a mamãe chorar’ …
Não sejam esses pais, jamais. Permitam que seus filhos compreendam a nova realidade (pais separados) como algo suave, que pode ocorrer quando o casal não tem mais afinidades, mas que ainda têm respeito, educação e que seguem filhos dos dois, que podem e devem amar aos dois e gostar da companhia de ambos.
Não façam questionamentos que levem seus filhos a sentirem-se tomando partido, sentirem-se escolhendo a um ou a outro, não os façam sentir esse peso, essa responsabilidade e culpa.
Criança tem direito a conviver com mãe e pai, a amar pai e mãe, criança deve ter infância, deve brincar, deve estudar, deve ter amiguinhos, devem ter seus deveres de casa e para ajudar em casa, mas não devem estar inseridos em assuntos de adultos, em assuntos complexos, para os quais seu emocional não está maduro e preparado.
Não falem mal um do outro a seus filhos, não busquem que essas crianças não gostem de seu (sua) ex, que pensem mal de seus familiares e que não os queiram, isso é parte do que chamamos de alienação parental e é considerado maus tratos, pois faz sofrer, causa danos, causa dor, deixa marcas.
Encerro com um convite a reflexão: “Se ao menos os pais soubessem como chateiam os filhos!” George Bernard Shaw