Ninguém melhor que o negro, o brasileiro e negro para falar sobre o racismo estrutural, entretanto cada um de nós tem a obrigação de compreender, refletir, debater e combater o racismo estrutural.
“O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. Esse fato histórico, aparentemente longínquo, deixou, na verdade, profundas marcas na sociedade brasileira. Para entendê-las, é preciso não esquecer os navios negreiros e os objetos de tortura. É preciso lembrar que a abolição foi lenta. Para que se lute contra o racismo é preciso primeiramente reconhecer que ele existe. Sem essa “confissão” tira-se do foco o alvo que se quer atingir.” Sylvia da Silveira Nunes, 2006.
20 de novembro, Dia da Consciência Negra – O racismo sempre foi negado aqui no Brasil e sempre fugimos ao debate, por isso fez-se necessário uma data para a reflexão e discussão do assunto. Não é um feriado ou data comemorativa, mas data que representa o dia da consciência negra.
No Brasil, o racismo passou a ser considerado crime em 1989, através da Lei Federal 7.716, que prevê uma pena de até 5 anos de reclusão e multa, sendo também imprescritível e inafiançável.
Infelizmente, nosso país foi construído com base escravocrata, na qual as pessoas pretas eram mercadorias. Mesmo após a lei áurea em 1888, elas não receberam nenhum tipo de indenização ou tiveram políticas públicas voltadas para seu bem-estar e adequação à nova sociedade.
Proibidos de adquirir terras, jogar capoeira, estudar, e sendo constantemente marginalizados, foram jogados à própria sorte. Sua cultura continuou sendo atacada e vista de forma negativa, sua religião enxergada como algo mal. Este foi o contexto do início do racismo estrutural.
Silvio Luiz de Almeida, filósofo, jurista e professor universitário defende que a forma como a sociedade é constituída reproduz parâmetros de discriminação racial, no campo da política e da economia, sendo o racismo estrutural naturalizado como parte integrante do meio social.
O professor também destaca que o racismo é constituído por ações conscientes e inconscientes, e que nós, enquanto sociedade, acabamos naturalizando a violência contra pessoas negras, e que a morte de jovens negros não nos choca como deveria.
Quando não nos chocamos e aceitamos que negros ocupem poucos lugares de destaque no mercado de trabalho, sejam a maior parte dos desempregados no país, sejam a maior parte da população encarcerada, sejam a maior parte dos desempregados e assim por diante mantemos e não refletimos sobre o racismo estrutural.