Muitas vezes ocorre de gostarmos e gostarmos muito, termos um relacionamento de muito amor e que o outro é muito querido, em virtude disso, nossas expectativas acabam sendo altas, esperamos reciprocidade, esperamos afeto, amor, companheirismo, afinal, entregamos tudo isso…
Entretanto, sempre isso ocorre, apesar de fazermos nosso melhor, de nos dedicarmos e nos entregarmos de corpo e alma o outro pode não ‘funcionar’ assim, pode não agir desta maneira, pode não querer com a mesma intensidade e isso causa muito sofrimento, causa dor, cobrança, pode causar brigas e desentendimentos.
Como diz, sabiamente, Caio Fernando de Abreu: “Não criar expectativas e nem esperar nada de ninguém é a maneira mais fácil de evitar futuras decepções.”.
É isso, nossas expectativas podem nos levar ao sofrimento, pois elas são nossas, são aquilo que esperávamos do outro, mas não são, necessariamente o que o outro pode e vai nos ‘entregar’.
A partir do momento que não alimentamos expectativas, vivemos a relação real e podemos compreender e entender se esta nos faz bem, se está nos agregando, se estamos tendo reciprocidade, afeto e amor, na mesma medida que entregamos.
E se a resposta for negativa? E se nos dedicarmos mais do que o outro, se amarmos mais ou mais intensamente que o outro, se nos preocuparmos mais e com mais empenho do que o outro e se isso estiver nos fazendo sofrer?
Se a relação causa dor, sofrimento, causa tristeza, angústia, solidão, se não vemos a empatia vinda do outro, precisamos abrir mão dela, deixa-la ir, deixar essa relação próxima finalizar e dar lugar a um ‘status’ de conhecidos e apenas isso.
Batalhar para manter uma história que causa dor é buscarmos sofrimento, é buscarmos angústia e solidão, é nos acabarmos dia-após-dia, é nos machucarmos, é permitirmos que o outro nos fira.
Encerro com um convite a reflexão a partir do texto do Marcel Camargo: “Acontece que existem coisas que não foram nem nunca serão bem resolvidas, pois terminaram após muita mágoa, dor e decepção. A gente sobrevive, a gente se recompõe e segue, mas vai carregando muitas cicatrizes nesse caminho.
Para que possamos retomar as rédeas de nossa própria vida, após sairmos de um relacionamento em que tanto investimos, será preciso tempo, calma e distanciamento. Sim, teremos que nos distanciar daquela rotina a que nos acostumáramos, para que nosso emocional se acostume a uma nova situação afetiva. E isso implica, muitas vezes, evitar quem já não mais será parte de nós, porque então teremos que acordar, todos os dias pela frente, sob uma nova perspectiva de vida. E dói.” Marcel Camargo