A médica residente em dermatologia, Betina Nogueira, de 30 anos, precisou trocar o papel de médica pelo de paciente ao ser diagnosticada com leucemia mieloide aguda, em julho de 2023. Após três sessões de quimioterapia, foi indicada para um transplante de medula óssea, sem imaginar que sua doadora seria sua própria irmã, Betânia, com quem possuía 100% de compatibilidade.
Natural de Matias Barbosa, Minas Gerais, Betina realizou o tratamento no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Com a necessidade de um transplante, a única opção era Betânia, sua única irmã, que passou pelo teste de compatibilidade. Na medicina, a chance de encontrar um doador compatível dentro da família é de 25%. “Ficamos muito felizes quando descobrimos que minha irmã era compatível”, conta Betina.
Após o transplante, Betina recebeu a boa notícia de que a medula havia “pegado”, ou seja, estava funcionando corretamente. “Escrevi numa folha ‘A medula pegou’ e mostrei para minha família, já que não conseguia falar por causa das aftas. Foi um momento emocionante.”
Betina compartilhou que sua irmã, Betânia, sente que seu propósito de vida foi salvá-la. “Ela se sente realizada por ter me ajudado num momento tão difícil. Hoje, minha medula é 100% dela.” Além disso, Betânia pretende seguir os passos da irmã e estudar medicina.
A médica também destaca a união familiar durante o processo e como a experiência a transformou. “Esse processo curou não só a mim, mas todos os meus amigos e familiares. Profissionalmente, passei a ter um olhar mais empático, compreendendo melhor a extensão do impacto da doença no paciente e sua família. Acredito que isso me tornará uma médica ainda melhor.”
Betina está em remissão total e completará um ano do transplante em 23 de novembro de 2024. Ela planeja comemorar com uma grande festa e uma corrida, promovendo a importância da saúde e do exercício físico na luta contra o câncer.
Ampliação dos serviços de transplante no Icesp
O Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, celebrado em 21 de setembro, também marca a inauguração do novo Centro de Transplantes de Medula Óssea do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). O espaço permitirá a realização de até 100 transplantes por ano, sem a necessidade de transferir pacientes para outras unidades. O investimento foi de R$ 7,5 milhões, contemplando a modernização dos leitos de internação.
O processo de transplante de medula óssea
O transplante de medula óssea consiste na infusão de células-tronco, semelhante a uma transfusão de sangue. Pode ser realizado com células do próprio paciente ou de um doador. No caso de Betina, a compatibilidade foi de 100% com sua irmã. Em muitos casos, quando não há compatibilidade familiar, as buscas se expandem para bancos de doadores.
Em São Paulo, foram realizados 1.141 transplantes em 2023, e até junho de 2024, o número já chega a 488. O procedimento é indicado para doenças como leucemia, linfomas e anemias graves, e os cuidados pós-transplante incluem uma dieta rigorosa e monitoramento para evitar infecções durante a fase de baixa imunidade.
Sobre o Icesp
O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo é o maior hospital oncológico da América Latina, atendendo exclusivamente pelo SUS. Desde sua inauguração em 2008, já atendeu cerca de 140 mil pacientes. A instituição é internacionalmente acreditada pela Joint Commission International (JCI) e pela Commission on Accreditation of Rehabilitation Facilities (CARF), reforçando seu compromisso com a qualidade e segurança no atendimento.
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