Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, criadores da empresa de e-commerce Kabum, contestam na Justiça a forma como a empresa foi vendida para o Magazine Luiza em julho de 2021, por R$ 3,5 bilhões. A venda da empresa, que foi fundada em Limeira, interior de São Paulo, em 2003, foi intermediada pelo banco Itaú BBA, que agora é alvo das acusações dos irmãos.
De acordo com uma ação judicial movida pelos fundadores do Kabum, a forma como a venda foi conduzida foi “profundamente mal negociada e desvantajosa”. Eles alegam que, apesar do valor de venda “impressionar à primeira vista”, a maior parte do pagamento foi feito em ações que ficaram “travadas” por um longo período após a conclusão da venda. Esses papéis desvalorizaram 86% nos 18 meses seguintes à venda.
A questão central da disputa judicial é a conduta do banco Itaú BBA na negociação. Segundo os irmãos Ramos, o Itaú BBA teria agido em conflito de interesses, uma vez que o responsável pelas negociações em nome do banco é cunhado de Frederico Trajano, diretor-presidente e membro da família controladora do Magazine Luiza, o comprador da Kabum.
Os irmãos afirmam que descobriram essa informação “um bom tempo depois” de a venda ter sido concluída, por meio de uma investigação privada realizada pela Kroll. Eles alegam que essa informação teria influenciado a forma como a venda foi conduzida, em detrimento dos interesses dos fundadores da Kabum.
A disputa está sendo conduzida por dois dos maiores escritórios de advocacia do Brasil. O Kabum é representado pelo escritório Warde Advogados, sediado em São Paulo, enquanto o Itaú BBA é representado pelo Sergio Bermudes, do Rio de Janeiro.
Fundada em Limeira, em 2003, a Kabum é hoje a maior plataforma de e-commerce da América Latina no segmento de tecnologia e games. A empresa é um dos maiores casos de sucesso do empreendedorismo brasileiro e tem forte presença na cidade onde foi criada, onde emprega centenas de pessoas e é responsável por impulsionar o ecossistema de startups local.