Vivemos tempos modernos, tempos de celular conectado no 4G, 3G, Wifi o dia todo, a noite toda, a madrugada toda. Respondemos whatsapp quase que durante o dia inteiro, recebemos email no celular e no computador, acabamos por responder também, além do facebook que nos ‘chama’ direto, temos o trabalho, que nos exige desempenho excelente, temos a família, que exige de nós atenção e cuidado, temos os cuidados com a casa, temos as contas a pagar. O nosso dia-a-dia é composto quase que, exclusivamente, de tarefas, afazeres, metas, ligações, trabalho, etc e vamos seguindo assim, ‘tocando a vida’ assim.
Já afirmava com sua sabedoria infinita, Victor Hugo: “Os tempos primitivos são líricos, os tempos antigos são épicos, os tempos modernos são dramáticos.”. São sim, tempos dramáticos esses modernos tempos em que vivemos, almoçamos em fração de segundos, passamos o dia entre trabalho, carro, internet, celular, e-mail, mercado, banco, filhos, afazeres, dissabores, metas, desentendimentos, conciliações, vitórias, alguns fracassos…
Toda esta rotina, toda esta correria, esta cobrança, o dia-a-dia complicado, somado à ideia de “tenho carro, rapidinho vou e volto”; “vou responder só mais esses whats enquanto janto”, “nossa, não dei conta de responder todos os meus e-mails, que coisa horrível.”, dentre outras tornam nossos tempos modernos caóticos.
Soma-se a isto, nossa história de vida, somam-se a isto nossas vivências, as marcas que temos, a criação que tivemos, o que aprendemos, nosso funcionamento emocional, nosso funcionamento cognitivo e temos, em muitos casos, o que chamamos de estresse.
Muitas vezes escutamos: “Áh, o estresse é o mal do século! Está todo mundo estressado hoje em dia!” e não deixa de ser verdade, o estresse é o mal do século, vivemos sob estresse e este afeta nossas vidas de forma pesada e dolorida. O estresse afeta nosso emocional, nosso físico, nosso humor, nossa saúde, nosso desempenho, nossa felicidade, nossa satisfação.
Uma das maiores autoridades sobre estresse do mundo, Dra. Marilda Lipp (2004), afirma, categoricamente, que na sociedade pós-moderna, o estresse tem se tornado um problema de saúde muito comum. Autores como Moraes, Pereira, Lopes, Rocha e Ferreira (2001) acreditam que “as mudanças no estilo de vida das pessoas estão deixando-as debilitadas e, com isso, vulneráveis ao estresse, que tem assumido o status de doença”. No Brasil as pessoas estão cada vez mais estressadas, pois a grande maioria não possui conhecimento de como lidar com suas fontes de tensão (Lipp, 2007).
Vamos conhecer, então, mais um pouco sobre o tal estresse? Selye afirma que o estresse é uma “reação do organismo que ocorre frente a situações que exijam dele adaptações além do seu limite. Atualmente, os estudos sobre estresse abrangem não apenas as consequências no corpo e na mente humana, mas também suas implicações para a qualidade de vida da sociedade. O estresse pode afetar a saúde, a qualidade de vida e a sensação de bem-estar como um todo”.
Percebe-se que os efeitos do estresse excessivo e contínuo não se limitam ao comprometimento da saúde. Ele pode, além de ter um efeito desencadeador do desenvolvimento de inúmeras doenças, propiciar um prejuízo para a qualidade de vida e a produtividade do ser humano.
Ok, agora que já sabemos um pouco mais sobre o assunto, vamos pensar no que fazer para lidar com ele?
O autoconhecimento e o conhecimento sobre a forma de conduzir as tarefas e lidar com as pessoas são componentes essenciais para lidar com o estresse. Um bom relacionamento interpessoal, as habilidades sociais adequadas e bem desenvolvidas, constitui uma das principais estratégias para lidar com o estresse. Nem sempre lidar com as pessoas é fácil, mas faz-se importante desenvolvermos em nós esta habilidade, para nos pouparmos deste ser um agente estressor em nossas vidas.
Outra atitude de extrema importância, refere-se aos hábitos saudáveis de vida. Alimentação saudável (aquela composta por frutas, legumes, verduras, muita água, fibra, pouca ‘porcariada’), exercícios físicos regulares (uma caminhada três vezes na semana, nadar algumas vezes, subir um lance de escadas, ao invés do elevador), pois à medida em que o corpo está bem cuidado, ele ‘responde melhor’ às cargas do dia-a-dia. Estes hábitos compreendem também sentar à mesa para as refeições, ter calma para fazê-las, estar em convívio familiar. Para tanto, celular no silencioso e em outro cômodo da casa pode ser uma excelente saída para que se possa aproveitar esses momentos e desfrutar ao máximo de suas refeições. Durante seu exercício físico regular, ouça música, faça em silêncio, mas não fique ao celular, esqueça as redes sociais, aproveite este seu momento.
Nesta toada de melhorar a qualidade de vida e de reduzir o estresse, estão as atividades relaxantes. Encontre uma atividade que te relaxe, que te dê prazer, uma vez por semana arrume espaço para uma atividade relaxante e cuidado: se você gosta de ler e leitura te relaxa, você pode escolher como sua atividade relaxante a leitura, mas não de um livro da faculdade, do trabalho ou de atualização profissional. Leia romance, aventura, ficção.
Eu escolhi o crochet, daí vem o título da minha matéria! Escolhi ‘tomar as rédeas’ da minha semana, escolhi não deixar meu dia-a-dia me atropelar, afinal de contas, como diz Lenine “a vida é tão rara”, tão rara e tão bela. Esta semana foi minha primeira aula de crochet, duas horas deliciosas, duas horas que passaram rápido e voaram, uma turma deliciosa de jovens, de moças, de senhoras e uma linda adolescente. Apesar do desafio do novo aprendizado, foi um momento de muito relaxamento e muito gostoso. Minha semana está seguindo mais leve, mais suave. Tenho lição de casa do crochet, estou treinando um pouquinho os pontos e a ‘receitinha’, tirando minhas dúvidas com a professora e com as amigas do curso pelo whats, me divertindo com esse passatempo.
Se você também está enfrentando uma carga de atividades grande e sente que pode estar ou pode ficar esgotado, busque o caminho do auto-conhecimento (a Psicoterapia é fundamental), busque uma vida saudável (consulte um médico, uma nutricionista, um educador físico) e faça uma atividade que te relaxe! Não deixe seu dia-a-dia te atropelar, te causar estresse e te adoecer.
Encerro com uma reflexão, muito interessante: “Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, enfim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você. Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal.” Augusto Cury