“Previsão do tempo: Uma frente de TPM se aproxima. Irritabilidade alta na região dos pensamentos e autoestima baixa na região do coração.” Milena Leão
Estes dias, conversando com uma amiga querida, surgiu o assunto TPM, afinal, ela sempre doce e meiga, encontrava-se em seu período pré-menstrual e já havia oscilado entre a sensibilidade profunda e a braveza de uma leoa e a ideia desta coluna veio por sugestão dela.
O período pré-menstrual é uma fase de vulnerabilidade para a ocorrência de sintomas físicos e psíquicos que geralmente aparecem uma semana antes da menstruação e desaparecem com o início do fluxo menstrual.
A menstruação é um processo natural e saudável que acontece todos os meses com cerca de 300 milhões de meninas e mulheres ao redor do mundo simultaneamente. Ainda assim, o tema raramente é discutido de forma aberta e muitas meninas se sentem envergonhadas de estarem menstruadas. Expressões como “estar de chico” ou “estar naqueles dias” são usadas justamente para evitar o uso da palavra menstruação. Tudo isso faz com que o assunto se torne um tabu, o que é prejudicial para meninas e mulheres, que têm pouco acesso a informações sobre como gerenciar sua saúde menstrual.
A Síndrome da Tensão Pré-Menstrual ou Síndrome Pré-Menstrual (SPM) é caracterizada por mais de cem sinais e sintomas físicos e psicológicos diferentes.
Alguns fatores sociais e culturais interferem na forma, como uma mulher percebe a SPM, popularmente conhecida por (TPM) e seus efeitos.
A TPM é uma situação que está presente em boa parte das mulheres e que causa sintomas bastante desconfortáveis e que podem influenciar diretamente a qualidade de vida da mulher, podendo haver variações do humor, cólicas, dor de cabeça, inchaço e fome excessiva, por exemplo.
Ela pode ser caracterizada por um conjunto de sintomas físicos, psicológicos e comportamentais, que começam uma semana anterior à menstruação e aliviam apenas com o início do fluxo menstrual. (Natália Alves Mendes, Anderson Pereira de Souza, 2017).
Sintomas da TPM mais frequentes são:
1. Irritação – É comum que as mulheres na TPM fiquem mais irritadas, o que acontece devido às alterações hormonais comuns desse período;
2. Fome excessiva
3. Algumas mulheres relatam também que sentem mais fome durante a TPM e, por isso, uma forma de diminuir a fome excessiva é dando preferência a alimentos que são ricos em fibras, pois aumentam a sensação de saciedade e, consequentemente, a vontade de comer;
4. Cólica menstrual;
5. Mau humor: assim como a irritação, o mau humor pode também estar presente na TPM devido às alterações hormonais. Uma das formas de aliviar esse sintomas é por meio de estratégias que promovam a produção e liberação de serotonina no organismo e para aumentar a produção de serotonina, a mulher pode praticar atividade física de forma regular e ter uma alimentação rica no aminoácido triptofano, que é o precursor da serotonina e que pode ser encontrado em ovos, nozes e vegetais, por exemplo;
6. Dor de cabeça;
7. Ansiedade: para diminuir a ansiedade na TPM, é recomendado investir em atividade que ajudem a relaxar e acalmar, além da Psicoterapia Comportamental Cognitivista (TCC), que apresenta comprovados resultados positivos no que se refere à TPM; e
8. Inchaço
Nos aspectos emocionais, a irritabilidade está associada a menor resposta cerebral, ao neurotransmissor inibitório Acido Gama-aminobutírico (GABA). Ao passo que o humor deprimido é causado pela diminuição dos níveis de serotonina. É importante avaliar a severidade dos sintomas emocionais e psicológicos apresentados, haja vista a repercussão dos mesmos na vida das pessoas.
Um estudo alemão avaliou a eficácia do Pilates na melhora dos sintomas desta fase. O estudo demonstrou que após as sessões de pilates, as mulheres obtiveram escores melhores quando comparados às que não fizeram as sessões de pilates. A melhora foi observada nos seguintes sintomas: cólicas, insônia, ansiedade, depressão, edema e aumento na vontade do apetite.
Um estudo brasileiro, relacionado ao mercado consumidor mostrou que o desejo de compras no período pré-menstrual, pode ser considerado como uma alternativa para controle de alguns sintomas emocionais, como por exemplo, a melhora do auto-estima e humor deprimido, como pode ser observado ao analisar o trecho a seguir:
“Estas mulheres experimentaram uma necessidade de consumo, de adquirir algo, de suprir uma falta. Algumas das entrevistadas expressaram isto claramente. Nesta condição, as consumidoras simplesmente vão à compra. Para algumas, a vontade de comprar, a necessidade de se sentirem melhor consigo mesmas, se se sentirem mais bonitas, ou menos feias. No mundo imaginário destas mulheres, algo do mundo exterior que elas podem comprar, roupas, sapatos ou acessórios, promete o resgate da beleza ou o preenchimento daquele vazio”.
Os sintomas da TPM podem ser aliviados por meio de algumas mudanças nos hábitos de vida, como prática de atividades físicas de forma regular, alimentação saudável e adequada e atividades que promovam a sensação de bem estar e relaxamento. No entanto, nos casos em que os sintomas não melhoram com essas práticas, o ginecologista deve ser consultado.
Também foi mostrada a efetividade da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), em estudo realizado na Alemanha em 2014. As mulheres que sofriam com sintomas da TPM participaram do programa de intervenção que durou 8 semanas. O primeiro módulo incluía psicoeducação sobre causas e tratamento para TPM. Sugestões, como prática de atividades físicas, alimentação saudável estavam incluídas. Já o último módulo consistia em uma revisão de todos os outros e prevenção de recaída.
Vale salientar que a menstruação é normal e sofrer com a TPM é frequente em muitas mulheres. Conversar sobre o corpo feminino e suas mudanças, sobre o período menstrual e desmistificar a menstruação é de fundamental importância.
O desconhecimento sobre a menstruação e a falta de infraestrutura e de produtos adequados prejudicam a vida de meninas e mulheres em todo o mundo, principalmente nas regiões mais pobres. Muitas meninas e mulheres deixam de ir à escola ou ao trabalho durante o período menstrual por falta de produtos de higiene menstrual, o que prejudica sua educação, seu desenvolvimento social e sua saúde.
“Meninas adolescentes podem deixar de ir à escola devido a fortes cólicas, banheiros precários e falta de recursos adequados, por exemplo”, diz Nicole Campos, gerente técnica de programas da Plan International Brasil. Ela acrescenta que mitos e tabus também contribuem para gerar o sentimento de vergonha, além da ideia de que a menstruação é suja, fazendo com que meninas e mulheres sejam excluídas de muitas atividades diárias importantes.
“Por meio do projeto Nosso Corpo, grupos de meninas participam de um processo formativo, no qual podem trocar informações e aprender sobre seus corpos e sobre o ciclo menstrual, desconstruindo mitos ao redor da menstruação. A meninas são, portanto, apoiadas para gerenciar sua saúde menstrual de forma mais confiante”, diz Nicole.
Encero com uma música que homenageia cada uma das mulheres lendo esta coluna de hoje: “Maria, Maria, é um dom, uma certa magia, uma força que nos alerta, uma mulher que merece viver e amar, como outra qualquer do planeta, Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor, é a dose mais forte e lenta, de uma gente que ri quando deve chorar, e não vive, apenas aguenta, mas é preciso ter força, é preciso ter raça (…)”
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