Este texto também poderia chamar-se “Ao mestre, com carinho”, mas preferi dar eu o título, pois a coluna nasceu há semanas em meu coração, antes sob forma de tristeza, depois de inconformismo e agora virou amor, afinal, educar é um ato de amor.
Quando penso em educação, além de pensar nos maravilhosos mestres, que tive a benção de ter durante a vida: D. Maria Inês, que me fez amar mais ainda ler e escrever, D. Elza, que fez História ficar tão gostosa de ser aprendida, a ‘guerreira’ D. Celina, que tentou bravamente me fazer entender exatas, Jô, outra ‘guerreira’ que lutou para que eu fizesse exercícios … Na faculdade foram inúmeros também: Diana, uma mestra incrível, me ensinou muito sobre Psicologia e sobre aprender a lidar com frustração, Dr. Roberto, aquele que te faz entender e se encantar por Psicanálise, por ser um encanto, ainda que esta não seja sua linha teórica, Fátima, cuja competência é de deixar boquiaberto o mais competente dos profissionais, Aguinaldo, um professor apaixonado e sem medo de dividir o que sabe, Sueli, uma professora ímpar, didática, prática, firme, Vera, quanta prática e teoria juntas cabem em uma só pessoa, Sofia, de uma doçura e conhecimentos únicos, Júlio, de uma humildade incrível, Miriam: muito conhecimento e muita didática, Luciana amor, estudo, dedicação e amor, Hélio: quanto conhecimento em uma só pessoa e como sabe transmitir, como gosta de fazê-lo, são muitos, não fiz justiça a todos, citei alguns, apenas. Na Pós idem: Dra Marilda, Angélica, Márcia, Walquíria, nossa tanta gente! Gratidão imensa por todos os meus mestres, sem excessão. Mas voltando, quando penso em educação, além de pensar nos mestres, penso em Rubem Alves, claro… Ele dizia: “Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.”.
É isso: a experiência do aprendizado tem de vir antes dele começar propriamente, é o encantamento com a construção dele, junto ao mestre, junto à turma, junto aos livros, junto ao desafio do novo! Aprender é ver o novo nos desafiando a todo tempo! Quando pensamos: “Áh, entendi, já sei! Ufa!”, vem a próxima etapa do aprendizado, para que entendamos que não sabemos, que não entendemos, que compreendemos uma parte e que esta parte é o alicerce para a construção do que vem a seguir… que mágico é tudo isso! Que desafio para o professor!
Que gostoso é aprender, que gostoso é ver o mundo se abrir aos nossos olhos, a partir do cuidado, do direcionamento carinhoso e preparado de um professor.
Já dizia com muita propriedade Paulo Freire: “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”
Ensinar e aprender é alegria, é amor, é cuidado, é escuta, é conversa, é ‘discussão’, é reflexão…
Sob a regência cuidadosa do mestre, os alunos vão produzindo músicas lindas, vão fazendo descobertas ricas, vão se abrindo e abrindo suas mentes para o mundo!
Que possamos refletir na educação que buscamos para nós, para nossos filhos, netos, sobrinhos, que possamos valorizar cada mestre que tivemos e cada mestre que temos e que teremos e que não paremos nunca!
Que Paulo Freire, este ícone brasileiro da educação, nos leve a refletir: “Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.”.