Não é raro que eu aborde o tema ‘empatia’ em meus textos, faço isso, primeiro por achar importantíssimo que sejamos empáticos, que entendamos o que é a empatia e como ela é de fundamental importância para que possamos conviver de forma harmônica e saudável, mas, infelizmente, falo muito sobre a mesma, pois a cada dia que passa, somos surpreendidos por atitudes de falta total de empatia, atitudes que nos chocam, que nos deixam boquiabertos.
Estamos perdendo a capacidade de sermos empáticos, isto é, a capacidade de nos posicionarmos no lugar do outro para compreendermos a sua realidade interna, independentemente da pessoa em questão, de estarmos ou não de acordo com ela ou de simpatizarmos ou não com ela. A empatia genuína está ao serviço da comunhão emocional, da aceitação e do respeito pelo outro e pela sua realidade, o que implica uma atitude de não julgamento e de despojamento de preconceitos do próprio.
Quantas e quantas vezes não escutamos pessoas julgando às demais, ‘passando por cima’ do sofrimento alheio, por não estar sendo ele (a) a vivenciar tal situação. Visto de fora, os problemas dos outros podem parecer simples, banais, desculpas esfarrapadas, bobagens, pequenos diante do que já vivemos, entretanto, se pudermos tentar nos colocar dentro desta história e buscarmos tentar compreender os sentimentos da pessoa em questão, como pode estar sendo difícil para ela passar pela dificuldade que enfrenta, talvez possamos, ao invés de julgar, ser um ombro amigo, um ouvido carinhoso, uma mão estendida.
Quando somos empáticos, posicionamo-nos no lugar do outro para nos sentirmos em sintonia com as suas emoções. Este movimento empático implica olhar o outro com isenção, isto é, um olhar despojado dos próprios valores e preconceitos, reconhecendo e aceitando que há diferentes maneiras de operar. Isto é importantíssimo, pois nos impede de dizer aquelas frases, do tipo: “Ah, se fosse eu, jamais teria deixado isso acontecer, porque….”, “Fulano está sofrendo porque não fez certo, se tivesse feito de tal forma, não estaria assim.”, ou ainda: “Eu não me conformo com isso, porque já vivi situação assim e resolvi bem melhor, porque fiz assim e assado”.
Joana Valério, psicóloga, afirma que “A boa capacidade empática pode ser entendida como a capacidade de entender o outro tendo como enquadramento a realidade deste e nunca utilizando como referência a nossa experiência subjetiva. Quando colocamos os próprios sentimentos no outro, acabamos por incorrer numa confusão entre o eu e o outro.”, para ela, as dificuldades de comunicação nas relações interpessoais, traduzem muitas vezes lacunas na empatia que não permitem a que um se coloque no lugar do outro, impondo ao invés a sua maneira de ser e estar na vida.
Sempre que falamos sobre empatia, lembramos de Carl Rogers, que afirmava que “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele.”
Todos temos a capacidade de sermos empáticos e de sermos não-empáticos, a diferença está em nossa decisão de como olharemos para o outro.
Sempre que pensarmos em dizer frases como: “Está passando por isso, porque quis, só fez besteira.” ou “Errou muito e agora não adianta chorar” ou ainda “Eu não tenho pena, não, quem mandou agir assim”, devemos imediatamente nos colocarmos no lugar da pessoa-alvo de nossas belas frases e vermos como nos sentiríamos e o que pensaríamos de alguém falando assim e agindo desta maneira! Pois bem, se formos nos sentir mal, se formos ficar magoados, se isso for apenas nos causar dor, repensemos. Mudemos nossa frase, nosso olhar, nosso julgamento.
Vamos lembrar que todos passamos por fases excelentes e fases duras, todos vivemos dias de muito acerto e dia de erros, todos agimos corretamente e todos erramos, mas que a diferença entre a superar os piores momentos, os dias mais difíceis e escuros e vencer, passar por eles com menos sofrimento, passa invariavelmente pela empatia, por não sermos julgados, mas acolhidos em nossas misérias emocionais e de vida pelos que nos cercam.
Encerro com um convite à reflexão, de uma das pessoas mais importantes da atualidade, não só pela posição que ocupa, mas também pela visão de mundo e de ser humano que tem, pela atitude empática, pacífica e acolhedora que apresenta: “A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem com o mal e sim vencê-lo.” Papa Francisco