Dias sombrios os que vivemos, dias em que os julgamentos, as ofensas, as exposições da vida privada alheia e que o ódio e maledicências permeiam nossas vidas e nos adoecem enquanto sociedade.
Temos dificuldade para escutarmos uns aos outros, temos dificuldade para ouvir, em geral queremos falar e fazer `nossas verdades` se sobrepor ao que as pessoas dizem, falam e querem expor. Não nos interessa a verdade, não nos interessa o outro e suas dores, não nos interessa a dor que causaremos, nada disso é importante.
Adoecemos enquanto sociedade. Adoecemos enquanto pessoas, perdemos a capacidade de acolher e respeitar a dor do outro. Esta passou a não nos importar mais, então somos cruéis e aumentamos tal dor e sofrimento falando mais e mais sobre o assunto, julgando, achando soluções melhores que as encontradas, usando excessivamente as redes sociais para expor mais ainda a dor alheia, prolonga-la e aumenta-la.
Já dizia Carl Rogers: “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele.”.
Ser empático não é problematizarmos a dor alheia, a vida alheia, as decisões alheias, mas sim buscarmos compreendê-las, buscando senti-las como esse outro sentiu, vê-las como ele as viu.
Evitemos: “Ah eu entendo que a pessoa sofreu, mas seria correto agir assim…”, ou “Eu também sofri, mas nunca faria o que ela fez.”, ou ainda “Ah, imagine se eu, sofrendo com os meus problemas fosse fazer o que tal pessoa fez?” … EVITEMOS! Não é uma competição de sofrimentos, não é um pedido de correção de ações tomadas e NÃO SE TRATA DE NÓS e sim do outro que sofre e chora.
Se não pudermos acolher, oferecer amparo, oferecer apoio, que fiquemos quietos, sim, nos calemos, afinal, abrir a boca ou digitar bobagens que aumentem a dor e o sofrimento das pessoas não é aceitável e reflete o quanto pioramos, o quanto retrocedemos, o quanto nos tornamos mais cruéis.
Busquemos exercitar a empatia, antes de mais nada, tendo em mente que nem tudo (ou quase nada) é sobre nós e que todas as pessoas vivem lutas as quais desconhecemos. Daniel Goleman afirma que ”Perceber o que as pessoas sentem sem que elas o digam constitui a essência da empatia.”. Entendam: não é preciso que a pessoa entre em detalhes, sofra novamente falando sobre o que as machucou, exponha suas dores para que possamos compreender ou `aceitar` a explicação sobre o sofrimento do outro. Paremos de ser egoístas! Que feio!
Quando as perguntas forem invasivas (“É verdade que tal pessoa …?”, ou “Falaram que fulano está com …” ou ainda “Eu soube que fulana …”), não as façamos, elas servem apenas para sanar curiosidade de fofoqueiro. Machucam e expõem quem vive o problema. Cuidemos de nossas vidas.
Opinião só deve ser dada quando solicitada e quando for útil, fora isso, é opinião dispensável, é mais uma bobagem.
Se não pudermos ajudar, sermos ombros amigos, palavras que acalentam, colo que acolhe, não sejamos julgamentos, dedos apontados, línguas que expõe e magoam. É preciso que consigamos evoluir!
Encerro com o convite a reflexão, como de costume: “A empatia é certamente um dos mais nobres sentimentos humanos. Para entender e ajudar o próximo é necessário se imaginar na condição dele.” Lázaro de Souza Gomes