Estamos vendo crescer eventos de agressividades de um aluno isolado em escolas contra seus colegas. A cada evento ocorrido cresce nossa preocupação, nossa admiração e nosso medo. Será que nossas crianças estão desequilibradas? Que tipo de crianças estamos criando? Por que estão agindo assim?
Perguntas complexas de serem respondidas, mas que merecem uma análise criteriosa, especialmente no que tange ao que nossas crianças estão vivendo fora de seus lares, no ambiente escolar, especialmente, que é onde passam a maior parte do tempo.
Infelizmente está se tornando cada vez mais frequente em ambientes escolares crianças ou grupos de crianças que segregam um (a) colega, que o (a) ofendem com crueldade, que muitas vezes o (a) agridem fisicamente, que zombam do (a) mesmo (a) dia após dia… Parece cruel demais, né? E é sim, muito cruel! Não parece coisa de criança, né? Mas, sim, ocorre entre as crianças e adolescentes. Sim nossos lindos filhos (as), nossos “bebês” criados com todo amor e carinho podem estar sendo agredidos e podem estar sendo os agressores…
Nossa!! Meu filho agressor?!? É apenas uma criança… Sim, apenas uma criança que sistematicamente agride, maltrata, ofende, bate, abala a auto-estima, causa extremo sofrimento em outra, sim… seu filho é um agressor! E precisa que vocês (pais) intervenham com a máxima urgência. “Áh, pode deixar, irei tirar tudo dele (a), dar um corretivo, irei deixa-lo (a) arrependido.” PARE!! Se você irá agredir, para ensinar a não ser agressivo, se você irá causar sofrimento para ensinar a não causar sofrimento não terá sucesso, concorda?
É preciso que se conscientize as crianças que todos somos diferentes, em tudo, sexo, cor de pele, altura, peso, crenças religiosas, aparência (e todos somos belos), é preciso que nossas crianças cresçam aprendendo a respeitar a diversidade, a conviver com o diferente deles, a se relacionar com o que não lhe é belo aos olhos, afinal, beleza não é só a embalagem… Neste caso, poderíamos nos contentar em receber papel de presente, durex e fita para laço de presente e mais nada, pois uma caixa com mil peças de um quebra cabeça não é propriamente bela, mas é muito divertida, bem mais legal que a embalagem.
Pais, vivam isso com seus filhos! Respeitem o diferente de você, não discriminem quem pensa de forma contrária a você, quem tem uma crença religiosa que não é a mesma que a sua. Não ofendam seus desafetos em frente aos seus filhos (ainda que em caráter de desabafo), nunca se refiram a eles (seus desafetos) perto dos seus filhos (longe não deveriam, mas perto, deveria ser proibido) de forma pejorativa, tentando diminuir aquela pessoa por ser alta demais, ou gorda demais, ou ser feia demais (tudo isso para sua opinião, claro), ou ainda por usar óculos, por ser de religião x ou y, por ter a cor de pele x ou y, por ter orientação sexual que você discorda (como se coubesse a você concordar ou discordar das opções do outro, que não lhe afetem).
A cada vez que vocês fazem uma das coisas acima, dão exemplos sólidos de intolerância, agressividade, maldade, ofensas e avalizam, ainda que de forma não verbal, seus filhos para repetirem seus comportamentos em seus ambientes escolares e com seus amigos.
Aí o que era apenas uma ação reprovável, tornou-se algo fora do controle, difícil de lidar e que causa dor e sofrimento gratuito a terceiro.
Sabemos que o Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.
Por exemplo, o bullying ocorre quando a turma manda a criança mais gordinha sair de perto da seguinte forma: “Volte para o mar, baleia”, ou ainda, agrida a cabeça desta criança contra a lousa sem motivo algum, ou ainda o persiga no banheiro, enquanto o mesmo tenta fazer suas necessidades fisiológicas, aterrorizando-o e humilhando-o de tal modo, que faz se necessária a troca da roupa… Muitos são os exemplos das ‘brincadeiras’ mais enfáticas de nossos filhos com seus ‘amiguinhos’.
Apenas parem!!! Não deixem que seus filhos se transformem em agressores, que maltratem alguém tão profundamente apenas para dar risada, veja, isto não é um sinal de saúde mental!! Ajudem seus filhos a aceitar ao outro, a conviver com as diferenças, a ser empático, isto é, se colocar no lugar do outro, para saber como se sentiria, caso fosse com ele. Estejam perto de seus filhos para evitar que tais eventos desastrosos ocorram.
A vida deles ficará marcada para sempre, pois quem agride também tem a vida marcada e sobretudo, marcarão a vida de uma pessoa para sempre, causarão um sofrimento muitas vezes difícil de suportar (não são raros casos de suicídios entre as crianças que sofrem com o bullying).
Ensine seu filho que ele não será mais poderoso ou valentão, caso pratique o bullying, ao contrário, será mais cruel e mais covarde.
Cabe a nós adultos responsáveis pelas crianças olharmos para as ações delas e orientarmos, buscarmos ajuda, se necessário, mas cabe a nós não deixarmos que as crianças se tornem agressores e sejam agredidas!
Não só aos pais cabe esta tarefa, mas também à escola, aos diretores, professores, coordenadores, mantenedores, zeladores, porteiros, etc coibirem cada ação de agressão ocorrida dentro da escola, cabe à escola ser firme e não permitir que o bullying ocorra ali dentro. É preciso orientar, é preciso ouvir, é preciso conscientizar e, claro, é preciso punir tais ações. Sim, chamar pais, advertir o agressor, suspender, chamar o Conselho Tutelar para que o mesmo possa intervir junto aos pais do aluno agressor reincidente é de fundamental importância e não tomar tais ações é omissão e significa compactuar com o bullying!
Cabe a nós mudarmos esta história!
Encerro com o sábio Rubem Alves: Uma pessoa é bela, não pela beleza dela, mas pela beleza nossa que se reflete nela…