A provação vem, não só para testar o nosso valor, mas para aumentá-lo; o carvalho não é apenas testado, mas enrijecido pelas tempestades.” (Lettie Cowman)
Escolhi começar o texto de hoje com uma reflexão sobre as tempestades e dificuldades que enfrentamos na vida, não raras vezes nos pegamos em meio a tempestades fortes, ventania, trovões e rojões. Não é fácil lidar com elas e nos assusta e fragiliza.
Entretanto, são fases pelas quais temos de passar, todos passamos, aprendemos com elas, nos fortalecemos e, de quebra, conseguimos entender e separar: ‘quem sim’, ‘quem não’ e ‘quem nunca’.
Muitas vezes, quase sempre, apesar de conhecermos muitas pessoas, não são muitas delas que irão se preocupar com os problemas que nos atropelaram, com nossa tristeza, angústia, nosso medo. Muitas desaparecem, outras se mostram cruéis, mas algumas delas se preocupam, nos escutam, nos acolhem e ao nosso sofrimento.
Já afirmava Cícero: “Não há nada mais gratificante do que o afeto correspondido, nada mais perfeito do que a reciprocidade de gostos e a troca de atenções.”.
Como é bom termos com quem desabafar, com quem dividir nossos problemas, quem nos acolha com afeto e sem julgamentos. Em uma época tão carente de afetos e de acolhida sem julgamentos, quando nos deparamos com tais pessoas, nos sentimos aquecidos, acalentados, conseguimos ‘respirar’ e usar aquele tempo para nos refazer, para tentar buscar soluções ou, simplesmente, para esperar a tempestade passar.
Para a psicologia, a afetividade é a capacidade do ser humano de experimentar tendências, emoções, paixões e sentimentos. É através do afeto que revelamos os nossos sentimentos e criamos laços de convivência. E como é bom recebermos e demonstrarmos afeto. Como faz diferença no enfrentamento das crises pelas quais passamos.
Que possamos sempre ofertar o afeto, desprovido de julgamento a quem precisa e que sempre que precisemos enfrentar as tempestades da vida, também contemos com ele.
Encerro a coluna de hoje com um convite a reflexão, a partir de um trecho de um texto do maravilhoso Rubem Alves: “(…) Só que desta vez os seus olhos e os olhos da flor se encontraram, e ela sentiu uma coisa estranha. Não, não era a beleza da flor. Já vira outras, mais belas. Eram os olhos… Quem não entende pensa que todos os olhos são parecidos, só diferentes na cor. Mas não é assim. Há olhos que agradam, acariciam a gente como se fossem mãos. Outros dão medo, ameaçam, acusam, quando a gente se percebe encarados por eles, dá um arrepio ruim elo corpo. Tem também os olhos que colam, hipnotizam, enfeitiçam… (…)” A PIPA E A FLOR
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