“Se eu fosse você, faria isso.”, “Ah, mas no seu lugar eu agiria de tal maneira.” Ou “Nossa, mas você precisava agir desta maneira!”. Que tal se lêssemos outra vez as frases iniciais desta coluna, mas pensássemos que estão nos sendo dirigidas de forma autoritária, invasiva, impositiva, deixando de lado ou menosprezando nosso sofrimento, dificuldades, ainda que não estejamos acertando em nossas ações de enfrentamento aos problemas da vida?
Qual seria o sentimento? Será que nos sentiríamos acolhidos, amparados ou julgados, pressionados e avaliados? Como será que isso poderia nos ajudar? Não nos ajudaria, não é?
Não facilita nossa tomada de decisões, nosso planejamentos, mas nos entristece, nos angustia, nos causa ansiedade e nos ‘embaralha’ o raciocínio.
Por favor: não seja essa pessoa! Seja a pessoa que “vê o mundo com os olhos do outro e não vê o seu mundo refletido nos olhos dele.” como afirmava com sabedoria Carl Rogers. Aquela velha máxima de que quem aponta um dedo para o outro, tem quatro dedos apontados para si é bem adequada e cabe bem, não?
Todos estamos lutando e enfrentando problemas o dia todo, nem sempre é fácil, dificilmente temos todas as respostas, sabemos os caminhos, ao contrário, muitas são as vezes que nos sentimos perdidos, sozinhos, sem rumo e encontrar um ombro amigo, um ouvido atento, afeto e cuidado, será bem um pouco mais fácil enfrentarmos tudo e passarmos pelas fases duras da vida.
Não temos as mesmas ações, pois não temos as mesmas histórias de vida, as mesmas vivências, cada um de nós tem sua bagagem que é única, pois é a soma de nossas vivências e a maneira como entendemos e sentimos tudo isto, como disse Caetano Veloso: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.”, verdade, não é mesmo?
Em tempos de tanta intolerância, de redes sociais repletas de ódio e brigas, de pessoas tendo certeza que podem falar o que pensam, sem avaliar o conteúdo e como afetará ao outro, sejamos aquele que avalia nossas ações, nossos pensamentos e nossos julgamentos no que se refere ao outro. Vamos nos colocar no lugar do outro e pensar no que diremos ou faremos a esta pessoa, que sente, hora, ri, que tem dor, medo, dificuldades, assim como nós e vamos pensar em como nos sentiríamos. Se não formos nos sentir bem, vamos repensar tal atitude? Coisa de avó: ‘não faça ao outro o que não gostaria que fizessem a você.’.
Por mais mãos estendidas do que mãos que batem e empurram e dedos que apontam.
Encerro com um convite a reflexão: “Seja gentil, porque você não sabe o que o outro lado está passando. Você não sabe quais batalhas diárias existem. Não julgue, apenas seja gentil.” R. J. Palacio