Como está complicado sair às ruas, ir à Igreja, loja, supermercado, ter nossos filhos convivendo com outros filhos! Nossa! Que frase é essa?
É a frase que reflete nossos dias com os pequenos tiranos dominadores que temos visto sair de seus lares omissos, submissos, onde não há regras, lares onde o não é uma agressão e a frustração um crime grave.
E esses pais, estas famílias soltam estas crianças para o convívio com os demais. Convívio difícil, penoso, dolorido, cheio de tensão e de brigas. Cheio de medos e chiliques.
Para Cortella, “Não é só a educação dos filhos que é necessária, mas a dos pais também.”. Pais trabalham muito mais, ambos, mãe e pai, para poder manter a casa, garantir um bom padrão de vida à família, uma educação de qualidade aos filhos, aqui vale a explicação, a educação de qualidade aos filhos que o padrão de vida bom garante é a educação acadêmica, conhecimentos teóricos = escolarização.
Educação, princípios, valores, limites e etc são passados em casa, pelos pais, pelos ‘chefes’ das famílias.
O autor, em sua palestra, nos leva a refletir sobre o que está ultrapassado na criação dos filhos e o que permanece sempre atual.
O respeito recíproco, segundo o mesmo, é antigo, porém não é velho e deve imperar no relacionamento com os filhos. Pais respeitam seus filhos, escutam, ouvem suas razões e argumentos e filhos lembram-se que estão falando com seus pais, portanto, o respeito e o cuidado ao elaborar frases e ‘soltá-las’ é fundamental.
A criança precisa saber, sem a menor sombra de dúvida que é “subordinada” aos pais, ou seja, que está sob as suas ordens. Pais não podem se tornar reféns da vontade de seus filhos. Onde comer, o que comer, onde passar férias, o que assistir, que horas irão à Igreja, estas são decisões dos pais. Filhos obedecem.
Pais de hoje em dia são diferentes dos pais de muito tempo atrás, pois abandonaram (e devem abandonar mesmo) o autoritarismo e a agressão física, pois nada se aprende com este tipo de ação. Se eu apanho, aprendo a bater, se eu ouço grito, aprendo a gritar, se eu não sou escutado em meus argumentos, aprendo a não escutar ninguém em seus argumentos também.
Deve-se ter autoridade, sem ser autoritário, isto é construído ao longo do tempo, com diálogo, com conversas, com atitudes éticas, com amor, com companheirismo. Mas não podemos abrir mão de ser a autoridade em casa. “Quem se subordina a crianças e jovens, e têm sobre eles alguma responsabilidade, está sendo leviano”. (Cortella). Se o filho não encontra em casa a figura de autoridade, àquela a quem deve respeito e obediência, quem lhe tira dúvidas, lhe ensina, orienta e norteia seus comportamentos, onde encontrará tais lições?
Frequentemente vemos professores desesperados com alguns alunos, pois escutam dos mesmos: “Não faço, não quero, não fico quieto, fique quieto você. Você não manda em mim”, dentre outras frases de igual desrespeito e não reconhecimento de uma figura de autoridade.
Quando pais não são figuras de autoridade em casa, filhos apresentam dificuldade para entender o que seriam figuras de autoridade e quando obedecer ou não.
“Áh”, pode pensar uma mãe ou um pai, “já trabalho tanto, fico tão pouco com ele (a) e quero ser amigo, aí vou ser autoridade, iremos nos afastar…”. Mito! É possível ser amigo e ser autoridade, é possível rir juntos, conversar sobre tudo, brincar, mas é necessário saber a hora de parar e de escutar a ordem que vem. Os filhos precisam reconhecer de quem é a palavra final nos momentos sérios e que envolvem decisões importantes.
Filhos precisam aprender valores, precisam ter noção de respeito e saber porque devem respeitar aos demais. Um filho que não respeita seus pais, tampouco o fará com outras pessoas fora do convívio familiar.
De acordo com Cortella, a frase “o amor aceita tudo”, precisa ser deixada de lado pois o amor inteligente, o amor responsável é capaz de negar o que deve ser negado. A frase certa é: “Porque eu te amo é que eu não aceito isso de você”. O amor que tudo aceita é leviano, irresponsável.
Então quando dizemos: “Não, você não pode ir a ____ lugar.” Ou “Não farei esta compra agora para você” ou “Não aceito esse tom comigo”, estou amando meu filho e estou mostrando a ele quais são os limites para os desejos e vontades dele. Estou deixando claro que na vida ouviremos muitos e muitos nãos, nem sempre seremos atendidos e precisaremos obedecer às figuras de autoridade que cruzarem nosso caminho.
O exercício da paternidade e maternidade responsável não é fácil, demanda esforço, trabalho, atenção, algum desgaste, mas os frutos do mesmo são extremamente compensatórios. Nada como ver um filho bem quisto aonde vai. Educado, conhecedor de seus limites.
Para o filho, nada como ser respeitado e sua presença valorizada. Nada como ter a certeza que está sendo respeitoso e agindo de forma correta.
“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.” Coelho Neto
“As famílias confundem escolarização com educação.
É preciso lembrar que a escolarização é apenas uma parte da educação.
Educar é tarefa da família.”
Mario Sergio Cortella