Quantas vezes não temos a sensação de que não somos escutados de verdade, de que as pessoas nos ouvem, mas não nos escutam? Pois é, ouvir é aquilo que o ouvido capta, apenas. Já escutar é prestarmos atenção ao que nos é dito, de fato. Compreender a informação que nos foi passada.
Na correria do dia-a-dia, temos a tendência de apenas ouvirmos o que nos falam, sem escutarmos, de verdade, o que nos é dito, sem prestarmos atenção de verdade. E também sentimos que não somos escutados quando falamos, temos a sensação que somos ouvidos, mas que poucos procuram escutar e entender o que falamos.
Johann Goethe já afirmava que “falar é uma necessidade, mas escutar é uma arte.”, sim é uma arte saber escutar, pois requer atenção, disponibilidade para ouvir, desprendimento para parar o que se está fazendo e buscar escutar o que o outro quer nos dizer, suas palavras, o que ficou nas entrelinhas, sua linguagem não verbal. Escutar requer atenção, foco, observação e cuidado.
E como é bom sermos escutados, sermos acolhidos naquilo que precisávamos dizer. São tão poucas as pessoas que escutam. Talvez pela correria, talvez pelas obrigações diárias, talvez pelos problemas que surgem e talvez pelo egoísmo de não olhar para o outro, de não pensar no outro, de não exercitarmos a empatia e percebermos a necessidade de quem fala, de ser ouvido.
A coluna desta semana foi pensada e foi nascendo a partir de um momento em que percebi como está difícil para as pessoas escutarem ao outro. Diante de uma situação problema a pessoa precisou repetir à outra diversas vezes a mesma coisa a quem apenas lhe ouvia, mas não entendia e não se importava em entender o que estava sendo dito, até que o óbvio aconteceu: quem falava perdeu a paciência, aumentou o tom de voz e disse: “Como você resolveria?” e depois de muita discussão é que a pessoa, que antes ouvia, passou a escutar e compreendeu o que lhe fora explicado e tratou de resolver o problema criado por ela mesma e sua falta de escuta.
Mas o estresse já havia sido criado, as pessoas já haviam perdido a paciência, uma briga já havia ocorrido e por que? Porque não houve escuta, porque não houve atenção, porque faltou disponibilidade e empatia.
Eu sei que vivemos dias difíceis, eu sei que o dia-a-dia nos atropela, eu sei que não é fácil brigarmos dia após dia para resolvermos tudo, mas sempre há espaço para sermos aquele que escuta, aquele que dá atenção.
Olhe ao seu redor. Você escuta seus familiares, conhece o que eles, de fato, dizem, como pensam, por que pensam assim. Escuta às dúvidas de seus filhos? Sabe como seu companheiro (a) se sente? Se a resposta foi não, por favor, recomece. Tire tempo para conversa. Para falar e escutar, para olhar nos olhos, para observar aos sinais que damos e recebemos.
Faça esse exercício tão importante e que faz tão bem, que ajuda e acolhe.
Encerro com um convite a reflexão, a partir de uma fala de Dalai Lama: “A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância.”