Um adulto chega correndo na quadra onde brincam algumas crianças em um dos mais tradicionais clubes em São Paulo. Ele pega o menino que está no gol – de 8 anos – e o puxa pelos cabelos. Joga o garoto no chão e o pressiona com o joelho. Um segundo menino, de 12 anos, tenta defender o amigo, mas é puxado pelo cabelo e cai. O primeiro garoto se urina de medo.
A cena, captada por câmeras de segurança, aconteceu no Esporte Clube Pinheiros, que ainda tem o autor das agressões, um consultor de 44 anos, como sócio. O caso foi na tarde de 7 de setembro de 2018 e desde então é tratado com sigilo pelo clube.
O agressor foi impedido de frequentar o Pinheiros por um ano, mas agora está prestes a voltar. “A família (de uma das crianças agredidas) está preocupada”, afirma o advogado João Daniel Rassi, que defende uma das vítimas. O Estado não publica o nome dos envolvidos para preservar as crianças – as vítimas e o filho do agressor.
O clube diz que a análise do caso está “em regular tramitação perante os órgãos competentes” do Pinheiros, conforme “seu estatuto”, sem fazer sinalização sobre a permanência dele ou não Uma primeira votação de conselheiros teria decidido por mantê-lo. A queixa policial feita pela família de um dos garotos resultou em medida cautelar que impede o agressor de se aproximar da vítima ou de seus parentes. Na investigação interna do clube, o agressor diz que partiu para cima da criança porque seu filho teria sido agredido por meninos mais velhos.
Advogado do agressor, Ernesto Piovesan diz ter tentado diálogo com o pai da vítima. O laudo médico anexado ao inquérito, afirma ele, mostra que “não houve agressão, socos, chutes. Foi um caso de vias de fato.”