Uma averiguação sobre um crime de cárcere privado, que estaria acontecendo numa casa da região central de Piracicaba (SP), levou a Polícia Militar descobrir que na residência, de alto padrão, estava em funcionamento uma rede de prostituição infantil. O imóvel foi cercado por policiais militares da 5ª Companhia que, primeiro, averiguaram toda a extensão da residência.
Em seguida, eles chamaram pelos moradores e foram atendidos por uma mulher, de 27 anos, que se identificou como responsável pela casa, afirmou às equipes que ali era uma república e negou haver qualquer situação que fosse de cárcere privado. Na sequência, ela autorizou a entrada da polícia para fazer uma averiguação mais detalhada do imóvel.
Foi nesse momento que os policiais perceberam que ali não se tratava de uma república, mas sim de uma casa de prostituição, pois constataram estoques de bebidas alcoólicas, cartazes com os valores dos programas e fotos das garotas distribuídas em forma de cardápios.
Na residência havia um homem, de 35 anos, que informou ser o caseiro, porém foi descoberto que ele estava pintando a casa – e ele estava junto com a mulher que atendeu aos policiais e que confirmou ser garota de programa e detalhou que cobrava R$ 200, por sessão, e ainda pagava uma taxa de R$ 50,00 para o dono do estabelecimento.
Inicialmente, uma das mulheres informou aos policiais ter 19 anos e apresentou uma carteira de identidade que confirmava a idade, mas, ao pesquisar o documento, a polícia notou que era falso, sendo localizados outros seis documentos com a foto dela e com outros nomes e dados alternativos.
Após a insistência das equipes, ela acabou confessando que seria menor de idade (tem 17 anos), e por receio de represália, não queria informar a verdadeira identidade nem se ela própria havia confeccionado os documentos falsos ou se era material desenvolvido pelos responsáveis pela casa.
Enquanto os militares realizavam as diligências, um veículo Renault kwid conduzido por um homem passou em frente à residência e, ao notar a presença policial, tentou fugir da abordagem, mas não teve êxito e acabou sendo parado pelos policiais que estavam do lado de fora.
O veículo era conduzido por um dos clientes do estabelecimento que trazia, como passageira, outra garota de programa, que informou aos policiais que estaria retornando do último programa feito naquela noite e que também teria de pagar uma taxa de R$ 50 ao estabelecimento.
A garota também disse informalmente às equipes que não permaneceria fazendo programa por muito tempo pois havia engravidado no local e não teria qualquer assistência para seguir em frente com a gestação.
Com a configuração da prática de rufianismo (facilitação ou prestação de profissional do sexo, no arranjo de um ato sexual com um cliente), os policiais decidiram conduzir as cinco pessoas à delegacia da Polícia Civil (o pintor e o motorista, duas mulheres que atenderam as equipes e a adolescente).
A identidade do dono do estabelecimento foi informada no Plantão Policial, foi feito contato por telefone com ele que recusou-se a comparecer na unidade policial. Uma das garotas disse à polícia que, além da casa de prostituição, o proprietário também atua como agiota.
As informações serão investigadas pela Polícia Civil, uma vez que o proprietário foi indiciado. Ainda no Plantão Policial, a polícia foi informada de que havia um inquérito aberto de desaparecimento e exploração sexual infantil envolvendo a adolescente que estava na residência.
A denúncia de desaparecimento havia sido feita pela sua mãe, no município de Americana (SP). Além do proprietário, os administradores da casa de prostituição também foram indiciados e liberados.
A adolescente foi liberada à sua curadora, que é avó dela, após assinatura de termo de responsabilidade. Foram aprendidas máquinas de cartão, celulares, objetos e notificações que comprovam a existência da casa de prostituição em funcionamento na casa.