O setor de revenda de gás de cozinha (GLP) vive um dos momentos mais instáveis dos últimos anos. Somente em 2025, foram registrados três reajustes no valor do produto pela Petrobras: 1,5% em janeiro, 2% em fevereiro e um novo aumento em maio, segundo revendedores. O problema, apontam empresários, é que os reajustes têm ocorrido sem ampla divulgação da estatal, o que gera desconfiança do consumidor e prejuízo ao comércio.
“Quem paga a conta é o cliente final”
De acordo com o empresário Renan Nascimento, entrevistado pelo Rápido no Ar, a situação tem sido insustentável para parte dos revendedores – “Estamos passando por um dos piores momentos do setor de GLP. Sofremos aumentos consecutivos e não temos escolha. Muitos comerciantes estão perto de fechar, porque repassar o aumento é a única forma de se manter no mercado.”
Segundo ele, a instabilidade é acentuada pela mudança na política de comercialização do gás, que agora inclui leilões entre distribuidoras.
Leilão entre distribuidoras encarece o produto
Na prática, o novo modelo estabelece que a empresa que pagar mais arremata o volume ofertado pela Petrobras, o que pressiona os preços para cima. Antes, o setor trabalhava com reajustes mais previsíveis, geralmente dois por ano. Agora, há variações mensais e sem padrão entre distribuidoras, o que dificulta o planejamento do pequeno revendedor – “Agora o aumento é mensal, e cada distribuidora aplica em um período. Isso gera um cenário de total incerteza para nós”, destacou o revendedor.
Falta de comunicação oficial prejudica imagem do revendedor
Outro ponto criticado é o silêncio da Petrobras sobre os aumentos. Segundo os revendedores, a falta de publicidade oficial sobre os reajustes deixa o consumidor final mal informado e coloca em dúvida a credibilidade do comerciante.
“Quando a mídia anuncia um aumento, o consumidor já espera. Mas quando repassamos sem que isso seja divulgado, vem a desconfiança. E a gente entende isso”, relata.
Um outro empresário do setor, Wesley Zucatti também falou do momento crítico em que os revendedores estão enfrentando e da ausência de transparência.
“Tenho duas grandes revendas de gás de cozinha em Limeira. O gás de cozinha está sendo reajustado mensalmente e a população não está sendo informada. Houve uma mudança no modelo de venda do gás GLP da Petrobrás para as revendas e a população está sofrendo com os reajustes sem ter informações do motivo. Algumas cidades, isoladamente, estão divulgando os reajustes. Esse ano já foram três pequenos aumentos que somam em média 6%” – afirma o empresário.
Nossa equipe teve acesso a um comunicado feito pela distribuidora Ultragaz aos revendedores alertando sobre a mudança no modelo de abastecimento, inclusive citando que a avaliação dos impactos seria mensal, e caso necessário seria revisado os preços para refletir as flutuações nos custos da matéria-prima por polos regionais.
O setor pede mais transparência nas comunicações da estatal e um modelo de reajuste previsível, para que os empreendedores possam manter seus negócios e garantir um serviço essencial à população.
Por outro lado quem mais sofre com tudo isso são as pessoas mais simples, especialmente aquelas que muitas vezes contam as moedas para conseguir comprar um botijão de gás para fazer o alimento da família.