É limeirense o jogador que mais evoluiu no Novo Basquete Brasil (NBB). O ala/armador Luis Fernando Lopes Sacco, o “Gemadinha”, de 24 anos, ganhou este importante prêmio. O jogador do Pato Basquete superou Anderson (Rio Claro) e Brunão (Paulistano).
Gemadinha começou na Winner/Limeira e passou por Paulistano, Corinthians, Rio Claro, Unifacisa/PB e Pato Basquete. Agora, seu novo clube pelas próximas duas temporadas será o Brasília.
Homem de confiança do técnico Dedé Barbosa, outro ex-Winner, Gemadinha, de 1m82 e 74 kg, iniciou o NBB como reserva no Pato Basquete. Era o chamado sexto homem. Com os passar dos jogos foi correspondendo nas vezes em que era acionado, cresceu de produção e virou o armador titular do time.
Mesmo não estando entre os favoritos, o modesto Pato Basquete, time de menor folha salarial da competição, chegou aos playoffs, sendo eliminado pelo Bauru.
Gemadinha tem médias de 12,9 pontos, 2,6 rebotes, 2,6 assistências e 10 de eficiência. O limeirense foi entrevistado com exclusividade no Pimba nos Esportes da Rádio Mix e contou sobre essa conquista individual.
Como foi seu início no basquete?
Eu era rodoboy, ou seja, aquele menino da base que enxugava a quadra do Vô Lucato em dia de jogos da Winner. Foi assim que comecei a ter contato com os jogadores do adulto e com o técnico Dedé Barbosa. Quando ele me puxou para treinar no adulto foi uma alegria imensa. Tenho que agradecer também o seu auxiliar Jece Leite.
Se hoje estou neste patamar eu devo muito a ele. Quando sofri uma lesão no joelho, pensei até em parar de jogar. O Jece não deixou e até brigou comigo. Ele nunca desistiu de mim e me incentivava a todo momento. Aí tive a felicidade de jogar esta temporada no Pato Basquete com o Dedé e o Jece. Não tinha como dar errado.
Você ficou frustrado com o término da Winner em 2015?
Muito, pois eu tinha acabado de subir para o adulto com 17 anos e disputei o Campeonato Paulista (10 jogos e 72 pontos). Eu ia para meu primeiro NBB e para a minha primeira Liga Sul-Americana. Estava jogando uma etapa do LDB (Liga de Desenvolvimento) junto com Du Sommer, Matheuzão e Lelê. Quando soubemos da notícia que o time ia fechar as portas foi um baque tremendo em todos nós, tanto é verdade, que acabamos eliminado. Não tinha clima.
Como foi defender o Paulistano e o Unifacisa?
O Paulistano me abriu as portas logo após o encerramento das atividades na Winner. O professor Gustavo de Conti, hoje na seleção brasileira, foi importante demais na minha carreira, na minha evolução. Gostaria muito de um dia voltar a trabalhar com ele. Por eu ser jovem demais naquele tempo, ele me usava no quarto final para tirar os principais jogadores do adversário com faltas e eu conseguia. Eu irritava por exemplo um Shamell, Holoway, David Jackson. Era o trabalho sujo.
Jogar em Campina Grande, na Paraíba, foi bom demais, até pelo fanatismo da torcida. O Dr Diego investe muito no time, até porque estudou em Harvard e é um apaixonado pelo Boston Celtics. No primeiro ano eu joguei, mas no segundo fiquei muito tempo sem jogar, até pela mudança na comissão técnica. Mas continuei treinando e me dedicando. Sabia que uma nova oportunidade iria chegar.
Qual análise você faz do basquete brasileiro?
O basquete vem crescendo no Brasil. A tendência é crescer ainda mais. Neste NBB tivemos quatro equipes muito fortes, Franca, Flamengo, São Paulo e Minas. O Pato Basquete tinha a menor folha e mesmo assim chegou aos playoffs. Perdemos para Bauru, mas jogamos de igual para igual. A cidade tem 80 mil habitantes e lá também se respira o basquete. Só tenho que agradecer a temporada que fiz por lá.
Você esperava ganhar o troféu de jogador que mais evoluiu?
No começo da temporada eu falava para meus companheiros que ganharia o troféu de Sexto Melhor Jogador, pois começava no banco e entrava em momentos decisivos, matando umas bolas boas. Com o passar do tempo, Dedé Barbosa passou a me usar como armador e virei titular.
O ex-armador Gustavinho fez uma publicação durante a temporada e me colocou como candidato a ganhar o troféu de jogador que mais evoluiu. Eu nem sabia que existia esse prêmio. E nem passava pela minha cabeça conquistá-lo. E no fim o Gustavinho, que jogou comigo no Corinthians, tinha razão. Ainda bem.
Como foi o momento em que seu nome foi anunciado na festa do NBB?
Eu concorri com o Anderson, de Rio Claro e o Brunão, do Paulistano. Na festa eu fui acompanhado do meu parceiro/irmão Arthur Pecos. Ele ficava me filmando o tempo todo. Eu estava incomodado com isso e com medo de passar vergonha. Quando falaram “parabéns Gemadinha”, foi uma alegria só. O trabalho foi bem feito. Só imaginava o orgulho que a minha família estava sentindo de mim. Parece que eu estava vendo meu pai (empresário Gemada, de Gemada Automóveis) chorar. Meus pais, minha irmã e meus tios sempre me apoiaram. Nunca me desencorajaram.
Como foi jogar pelo Corinthians, seu time do coração?
Realmente é um bando de loucos. Eu ia no estádio torcer pelo time de futebol e depois me vi defendendo meu time do coração na quadra, fazendo cestas para ele. Foi inesquecível. E coroamos com o título da Liga Ouro e vaga para o NBB. Mas infelizmente por uma decisão do treinador eu não tive o contrato renovado e fui para Rio Claro. Eu esperava ficar, mas a culpa foi toda minha. Era explosivo e muito esquentado. Isso me prejudicou muito. Perdi oportunidades. E olha que foi um ano vitorioso para mim. Ganhei todos os campeonatos que disputei: LDB, NBB, Liga Ouro e o Sul-Americano pela base da Seleção Brasileira.
É verdade que a meditação o transformou?
Com certeza. Quando o Artur Pecos falou sobre meditação, confesso, não botei fé, mas encarei o desafio. Ele me puxou. Foi a melhor coisa da minha vida. Eu precisava dessa ajuda. Através do Tia Arruda, da Escola Brava, limpei a imagem de briguento e reclamão. Passei a me concentrar mais, respirar melhor, tomar decisões corretas e a ter muito mais mobilidade e flexibilidade. São nove aulas semanais, online. Não pretendo deixar mais a meditação. Minha cabeça mudou muito e, consequentemente meu basquete também. Isso me transformou em um novo jogador.
Quais são seus planos futuros?
Vou continuar fazendo meditação. Quero também melhorar meu condicionamento físico e ganhar massa muscular para poder marcar melhor os jogadores mais fortes, como um norte-americano David Jackson, ex-Winner e que está em Franca, por exemplo. Eu sempre fui muito fã dele. Também espero continuar evoluindo para ajudar Brasília, meu novo time. Vai ser com demais ter o Dedé Barbosa como técnico novamente.
E por último, quem sabe, um dia chegar a Seleção Brasileira. Esse é o sonho de todo atleta. Ainda mais que o treinador é o Gustavinho de Conti que me conhece tão bem. Sei que estou no caminho certo e minha avó, lá em cima, deve estar muito orgulhosa de mim também.