O setor defensivo da Internacional, com o esquema 3-5-2, até então elogiado, não é mais eficiente – só não tomou gol contra o Guarani. A tal evolução que o técnico Felipe Conceição prega nas coletivas de imprensa, quase ninguém enxerga.
A verdade é uma só: a Inter de Limeira segue a passos largos rumo ao rebaixamento para a Série A-2 do Campeonato Paulista após seis temporadas na divisão de elite. A situação piorou consideravelmente após a derrota para a Portuguesa por 2 a 0, no Pacaembu, pela 8ª rodada da competição.
A tal “tragédia anunciada” pode se concretizar com a sequência dificílima que o Leão terá pela frente, contra São Paulo, segunda-feira no Mané Garrincha, em Brasília, Palmeiras, quinta-feira no Limeirão, Velo Clube, domingo em Rio Claro, Água Santa, quarta-feira em Diadema e Santos, no Limeirão. E ainda nesse meio termo tem o confronto contra o Vila Nova/GO pela Copa do Brasil.
E não foi falta de aviso, Danilo Maluf. Todos alertaram o presidente que o seu maior erro seria manter o treinador no comando, após o insucesso na Série D do Campeonato Brasileiro. A verdade é que o bom jogo que a Inter fez em Maringá, quando empatou por 1 a 1 e não subiu, o manteve no cargo.
O salário inferior a outros treinadores da divisão também pesou na decisão de permanência. Mas vale lembrar que os diretores leoninos também concordaram com a renovação de Conceição. Lembra? Então, a culpa precisa ser dividida neste momento.
A Inter é um amontado de jogadores. O time não tem tática, não agride, é facilmente dominada e perde com uma facilidade incrível. Ai que saudade do time de Júnior Rocha com os “bochechas”.
O pior de tudo é ouvir que a arbitragem foi a grande culpada. Onde? Não foi pênalti de Iba Ly em Jajá? Roberto Rosa não merecia ser expulso pela cotovelada que deu?
É mais fácil atribuir o fracasso aos outros ao invés de assumir a própria responsabilidade. Já que Danilo Maluf não tem coragem de demiti-lo, porque então o treinador não deixa o cargo? Reflita, Conceição. Ou ele ainda acredita que dará um jeito no time nessas rodadas finais? Que a Inter vai ressurgir como uma fênix e vai permanecer na divisão?
Por mais que Danilo diga que o vestiário é bom, que o grupo é unido, isso não reflete dentro de campo. Tem muito jogador insatisfeito com as escalações, entre eles o equatoriano Ronnie Carrillo, que pode até antecipar sua saída do clube.
Prova disso, foi o que aconteceu com Lucas Buchecha diante do Red Bull Bragantino. O volante não quis cumprimentar o treinador. O ambiente no Major Levy infelizmente está carregado. Dá para sentir no ar.
Não é possível que falte atitude na Internacional. Um time que subiu em 2019 e que vinha crescendo, colocando a casa em ordem, saldando suas dívidas e ganhando até vaga na Copa do Brasil. Agora está prestes a cair novamente. E volto a frisar: uma tragédia anunciada desde o final do ano passado.
Com Felipe Conceição no comando, a Inter não vence há nove jogos (dois pela Série D e sete pela A-1). É muita coisa. São três derrotas e seis empates. Ou seja, de 27 pontos em disputa, conseguiu somente seis, o que dá 22% de aproveitamento. Nenhum técnico no planeta resiste tanto no cargo após esses números tão baixos.
A própria torcida leonina já entregou os pontos. Quase ninguém acredita mais na salvação. Não tem por onde ver que algo possa mudar do dia para a noite. O Conceição morrerá abraçado com a Inter. Depois, vai embora, para outro clube e nós ficamos aqui, sofrendo o calvário de uma A-2. Que pena que falte atitude na Internacional.
Jogo
Sem Gui Mariano, vetado pelo departamento médico, Felipe Conceição promoveu apenas a entrada de Alysson Dutra.
A Inter era inofensiva. Parecia que estava disposta a trazer um empate de São Paulo. O medo de perder, tira a vontade de ganhar. Resumindo: foi a pior apresentação leonina nesta competição.
E olha que a Portuguesa demorou para encaixar o seu jogo. Aos 29 minutos, no escanteio cobrado pelo meia Cristiano pela esquerda, o zagueiro Eduardo cabeceou por cima.
Aos 31, em novo escanteio cobrado por Cristiano, agora pela direita, a bola cruzou toda extensão da grande área e caiu na esquerda com Lucas Hipólito. O lateral levantou para a área e Renan Peixoto cabeceou para uma bela defesa do goleiro André Luiz.
Aos 33, na falha de Eduardo Porto, o esperto Maceió invadiu a área e bateu forte para uma defesa em dois tempos de André Luiz.
No último lance da primeira etapa, Jajá recebeu livre pela direita e levantou na medida para a cabeçada de Renan Peixoto. A bola do artilheiro lusitano raspou a trave leonina.
O segundo tempo foi trágico para a Internacional. Aos 10, ótimo passe de Renan Peixoto para Jajá. O atacante desceu livre pela esquerda, mas finalizou fraco, facilitando a defesa de André Luiz.
Aos 13, Cristiano passou facilmente por Roberto Rosa pela direita e na linha de fundo cruzou na cabeça de Renan Peixoto. A cabeceio chegou a beliscar o travessão leonino.
O gol da Portuguesa era uma questão de tempo. Mas é bom frisar que na única chance leonina em toda partida, Rhuan assistiu Leocovick pela esquerda. O chute cruzado foi defendido pelo goleiro Rafael Santos. Uma chance em 90 minutos para um time que luta contra o rebaixamento.
Felipe Conceição sacou Alex Sandro e Flávio para a entradas de Rafael Silva e Iba Ly. Mas aos 20 minutos, em uma arrancada de Jajá, o senegalês conseguiu acompanhar o atacante até a área, porém precisou cometer o pênalti, o puxando pela camisa. A Inter reclamou de um pênalti anterior, em sua área. O VAR chamou o rio-clarense Renan Quequi e ele confirmou a penalidade máxima. Cristiano cobrou forte, no canto baixo direito de André Luiz: 1 a 0.
A situação leonina piorou aos 31, quando o zagueiro Roberto Rosa desferiu uma cotovelada em Renan Peixoto. O VAR novamente chamou o árbitro e o cartão vermelho foi mostrado.
Com dez e sem ação nenhuma, a Inter viu o segundo gol da Portuguesa. Aos 43 minutos, Rildo, que tinha acabado de entrar no jogo, recebeu na esquerda e bateu cruzado. O goleiro André Luiz rebateu e Everton Messias, outro que tinha poucos minutos em campo, só conferiu: 2 a 0.
A Inter chegou ao seu sétimo jogo sem vitória no Paulistão. Agora, são duas derrotas e cinco empates. O time terá pouco tempo para lamentar, pois encara o São Paulo, nesta segunda-feira, às 21h45, no Mané Garrincha, em Brasília.
Com esse resultado, a Portuguesa ultrapassou o Santos, de Neymar, chegando a nove pontos e assumindo momentaneamente a segunda colocação do Grupo B. O Peixe tem oito pontos e ainda joga na rodada, em Novo Horizonte. O líder é o Guarani, com 10. Na próxima rodada, a Portuguesa visita o Água Santa, no Distrital do Inamar, em Diadema, na quarta-feira, às 19h30.
Portuguesa 2 x 0 Internacional
Gols – Cristiano aos 27 e Everton Messias aos 43 minutos do segundo tempo. (POR)
Local – Pacaembu
Árbitro – Renan Pantoja de Quequi.
Público e renda – não divulgados
Portuguesa – Rafael Santos; Talles, Gustavo Henrique, Eduardo Biazus e Lucas Hipólito; Tauã, Hudson e Cristiano (Fernando Henrique); Jajá (Rildo), Renan Peixoto (Henrique Almeida) e Maceió (Everton Messias). Técnico – Cauan de Almeida.
Internacional – André Luiz; Eduardo Porto, Roberto Rosa e Alysson Dutra; Felipe Albuquerque (JP Galvão), Flávio (Iba Ly), Marlon (Lucas Buchecha), Rhuan (Ruan Ribeiro) e Leocovick; Albano e Alex Sandro (Rafael Silva). Técnico – Felipe Conceição.
Ocorrências – cartão vermelho para Roberto Rosa (IN) e amarelos para Flávio (3º), Iba Ly (3º) e Rafael Silva (IN); Tauã (POR).