Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que a maioria dos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desconhecia as entidades responsáveis pelos descontos feitos em seus benefícios. O levantamento integra as investigações da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), deflagrada na semana passada.
Segundo o relatório, entre abril e julho de 2024, a CGU entrevistou 1.273 beneficiários em todos os estados. Apenas 52 confirmaram filiação às entidades que promoviam descontos, e somente 31 disseram ter autorizado as cobranças. Em outra amostragem realizada na cidade de Raposa (MA), nenhum dos 35 entrevistados reconheceu ter autorizado os débitos.
A auditoria revelou ainda que, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, os descontos médios chegaram a R$ 39,74 por aposentado, totalizando um prejuízo estimado em R$ 45,5 milhões. Os valores foram cobrados com base em acordos firmados entre o INSS e 11 entidades investigadas, em sua maioria celebrados em gestões anteriores, conforme o instituto.
Descontos suspensos
Após a deflagração da operação, o INSS suspendeu todos os descontos em folha ligados aos acordos. O governo também anunciou a devolução dos valores descontados no mês de abril já na próxima folha de pagamento.
Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU) montou um grupo especial para buscar o ressarcimento dos valores cobrados indevidamente. O INSS informou que, por questões judiciais, não comenta o andamento das investigações.
Contexto
O caso veio à tona após a queda do segredo de Justiça nesta segunda-feira (28), revelando detalhes do esquema que atingiu milhares de aposentados e pensionistas em todo o país. O governo reforçou que está empenhado em corrigir as distorções e proteger os beneficiários da rede pública.