O Instituto Butantan recebeu autorização da Anvisa para iniciar os testes clínicos em humanos da vacina contra a gripe aviária do tipo A (H5N8). A pesquisa vai recrutar 700 voluntários adultos e idosos para as fases 1/2 do estudo, que será realizado em cinco centros de pesquisa no Brasil. A autorização foi publicada nesta terça-feira (1º) no Diário Oficial da União.
O estudo clínico começa com a aplicação de duas doses da vacina em 70 adultos entre 18 e 59 anos, com intervalo de 21 dias. A testagem ocorrerá inicialmente em Recife (PE) e, em seguida, em São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Ribeirão Preto (SP) e Belo Horizonte (MG). Caso a resposta de segurança seja positiva, o estudo será ampliado para outros 280 adultos e, na fase seguinte, para 350 idosos com 60 anos ou mais.
A vacina utiliza uma formulação inativada, fragmentada e adjuvada. O foco do estudo é analisar a segurança e a capacidade imunogênica do imunizante em comparação com placebo.
Produção emergencial pode alcançar 30 milhões de doses
Com base nos resultados iniciais, o Instituto Butantan projeta a capacidade de produção de até 30 milhões de doses para uso emergencial, caso ocorra disseminação do vírus entre humanos. O desenvolvimento da vacina usou uma cepa H5 fornecida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), considerada representativa das variantes em circulação nas Américas.
A diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos, destacou que o projeto pode ser adaptado em caso de emergência. “Se houver epidemia durante o ensaio, o Butantan está à disposição para ajustar o cronograma e adaptar a vacina a uma nova variante”, afirmou.
Risco de pandemia mobiliza estudos
Embora não haja transmissão confirmada de humano para humano, o avanço do vírus para mamíferos — como vacas e pessoas em contato com os animais — aumenta o alerta das autoridades sanitárias. A taxa de mortalidade em humanos gira em torno de 50%, segundo a OMS.
No Brasil, não há registros de casos humanos. Contudo, em 2024 foram identificados focos em aves silvestres e comerciais. O Ministério da Agricultura e Pecuária segue com ações de rastreio e controle sanitário.