Com uma atuação de gala de Neymar, Santos venceu por 3 a 0, no Limeirão
Uma tragédia anunciada desde o final da Série D do ano passado. Estava mais do que na cara que a Internacional seria uma das equipes rebaixadas para a Série A-2 do Campeonato Paulista.
A insistência em Felipe Conceição como técnico e a montagem de um elenco bastante limitado, bem inferior ao de 2024, foram determinantes para o descenso após 2.136 dias.
Depois de exatos seis anos na divisão de elite, o Leão está de volta à Série A-2. O martírio começará em 2026, com jogos em Votuporanga, Lins, Sorocaba, Itu, Rua Javari, enfim.
Ainda por cima, a Inter perdeu a vaga na Série D de 2026, ou seja, só se subir para C este ano, o Leão terá uma competição nacional no ano que vem. Caso não suba, será obrigada a disputar novamente a deficitária Copa Paulista, que pode a levar de volta para a Série D e Copa do Brasil em 2027. Um verdadeiro atraso na vida da Veterana.
Vale lembrar que em 2005, quando a Inter caiu para a Série A-2, ela ficou 5.116 dias fora da elite, ou seja, 14 anos. Números levantados pelo historiador Kina Mercuri. O torcedor leonino não merecia passar por isso novamente.
A Inter teve a proeza de não vencer nenhuma partida neste Paulistão. Foram sete empates e cinco derrotas. No acumulado são 14 jogos sem vitória, contando a Série D: oito empates e seis derrotas. Que vergonha.
E olha que o Paulistão foi tão fácil, que se a Inter tivesse vencido o Santos, escaparia do rebaixamento. Isso porque o Noroeste empatou com a Portuguesa por 1 a 1 e o Velo Clube venceu o Água Santa por 1 a 0, ou seja, resultados que ajudavam o alvinegro.
Vou mais além. Se a Inter tivesse derrotado o Água Santa no meio de semana, em Diadema, também tinha escapado. Estava 2 a 0 para o Leão, quando o Netuno empatou no fim.
Contra o Santos todos sabiam que seria muito difícil até pontuar. Primeiro, porque o Peixe precisava vencer para garantir a liderança do grupo e segundo, porque jogou completo, com Neymar e companhia.
Aliás, Neymar deixou para brilhar justamente no Limeirão. Foi uma atuação de gala do camisa 10, com um gol olímpico e duas assistências. Foi tão bonito, que até o torcedor da Internacional o aplaudiu em pé, mesmo sabendo que seu time do coração estava sendo rebaixado.
A Inter entrou em campo com chances de não cair. Eram duas situações: 1) vencer o Santos e torcer para Água Santa e Noroeste não vencerem e 2) empatar com o Santos e torcer por derrotas de Água Santa e Noroeste.
Sobre a escalação leonina, Márcio Fernandes optou pelo 4-4-2, com o retorno de Felipe Albuquerque, recuperado de lesão, à lateral-direita. Já Flávio ficou com a vaga do suspenso Marlon.
Nem bem a bola começou a rolar e o Noroeste já abriu o placar em Bauru aos 5 minutos. Uma ducha d’água fria no torcedor leonino. Para piorar a situação, aos 8 minutos, Neymar cobrou um escanteio pela esquerda e Tiquinho Soares nem precisou subir para marcar de cabeça: 1 a 0. O jogo aéreo foi um dos maiores defeitos da Inter na competição.
Antes do gol, o Santos já tinha criado duas ótimas chances. Aos 4, no chute de fora da área do zagueiro Zé Ivaldo, que raspou a trave de Igo Gabriel e aos 6, quando Neymar deixou Guilherme na cara do gol. O artilheiro do Paulistão parou em uma excelente defesa do arqueiro leonino. Na sobra, Escobar levantou da esquerda e JP Chermont perdeu um gol feito.
Aos 26 minutos, o jovem e promissor Gabriel Bontempo arriscou da meia-lua da grande área e Igo Gabriel deu rebote. Gui Mariano colocou para escanteio.
O melhor estava por vir nessa cobrança. Melhor para o Santos, é claro. Aos 26 minutos, Neymar ampliou com um gol olímpico. A bola ainda bateu na trave antes de entrar. E olha que a torcida leonina gritava atrás do craque o nome de sua ex Bruna Marquezine. Após o gol, o camisa 10 sentou na placa de publicidade e colocou a mão no ouvido. Em seguida, foi reverenciado pelos próprios leoninos.
Aos 30 minutos, Guilherme fez jogada de linda de fundo e cruzou na cabeça de Soteldo. O goleiro leonino defendeu no susto, gerando o escanteio.
O Santos queria liquidar o jogo no primeiro tempo e conseguiu. Aos 31, outro escanteio cobrado por Neymar, desta vez pela direita. E de novo Tiquinho Soares, bem posicionado, subiu com estilo e desferiu uma cabeçada forte, sem chances para Igo Gabriel: 3 a 0.
A Inter só assustou o Santos uma única vez. Foi aos 37 minutos, em um sem pulo do volante Flávio, que estava livre na área, mas exagerou na força, mandando por cima do gol.
Com o placar garantido, Pedro Caixinha voltou com três alterações. Poupou Zé Ivaldo, Guilherme e Tiquinho Soares para as entradas de Luan Peres, Thaciano e Gabriel Verón, respectivamente.
Insatisfeito com a baixa produção do ataque leonino, Márcio Fernandes sacou a dupla Ronie Carrillo e Ruan Ribeiro para as entradas de Alex Sandro e Pablo Diogo.
Aos 8 minutos, o Santos ainda teve uma bola no travessão, após boa jogada individual do lateral Escobar pela esquerda.
Aos 30, após escanteio cobrado por Neymar pela direita, o zagueiro Gil por pouco não marca o quarto de cabeça.
A Inter não deu nenhum trabalho para João Paulo, de volta ao gol santista após grave lesão no tendão de Aquiles sofrida na Série B do ano passado contra o América/MG.
Para não dizer que ele não sujou o uniforme, defendeu aos 36 minutos um chute forte do lateral-esquerdo Juan Tavares de fora da área. Pouco demais para um time que lutava para não cair.
A Inter junta os cacos agora para fazer sua estreia na Copa do Brasil. Na quinta-feira, às 21h30, recebe o Vila Nova/GO, no Limeirão. Se passar, enfrentará na segunda fase o Rio Branco de Venda Nova/ES, que passou pelo Amazonas no Espírito Santos: 0 x 0 no tempo normal e 5 x 3 nos pênaltis.
Internacional 0 x 3 Santos
GOLS – Tiquinho Soares aos 8 e aos 31 e Neymar aos 26 minutos, todos noo 1º tempo.
Local – Limeirão
Árbitro – Vinícius Gonçalves Dias Araújo.
Público – 15.020 pagantes (17.067 presentes)
Renda – R$ 1.651,030,00
Internacional – Igo Gabriel; Felipe Albuquerque (Maurício), Gui Mariano, Carlão e Juan Tavares; Flavio, Lucas Buchecha, Ramon Carvalho e Albano (Estevão); Ruan Ribeiro (Pablo Diogo) e Ronie Carillo (Alex Sandro). Técnico – Márcio Fernandes.
Santos – João Paulo; JP Chermont, Gil, Zé Ivaldo (Luan Peres) e Escobar; João Schmidt, Gabriel Bontempo (Tomaz Rincón) e Neymar; Soteldo (Barreal), Tiquinho Soares (Thaciano) e Guilherme (Gabriel Veron). Técnico – Pedro Caixinha.
Ocorrências – cartões amarelos para Ramon Carvalho e Flávio (IN) e Luan Peres (SAN).
Gols do jogo narrados por Edmar Ferreira e o futuro da Inter de Limeira: