Durante estes tempos, me peguei pensando em nossos ‘dias de trovão’, os tais “days of thunder” dos americanos.
Dias de trovão são aquelas fases que passamos na vida, fases estas que temos a sensação de estarmos caminhando em meio aos trovões, ao barulho, a ameaça de tempestade eminente. Parece que estamos ‘desguarnecidos’ de guarda-chuva, de capa de chuva, de galocha, aliás, ao contrário, parece que estamos de roupa leve e clara, chinelo, caminhando a pé longe de tudo. A sensação é de que nada que façamos vai aliviar o tamanho da chuva que pegaremos e o tanto que iremos nos molhar. A sensação é de pavor e pensamos: “Que barulho assustador, que céu escuro, que vento! Parece que vejo raios ao longe, vai chover e vai chover muito e será agora e eu vou me molhar e vou me molhar muito. Fatalmente não vou conseguir chegar em casa antes da chuva, não terei abrigo e vou sofrer aqui.”.
A vontade é achar um telhadinho seguro, ainda que em meio ao desconhecido e ficar ali escondido, até que a tempestade se vá!
Na vida acontece assim também! Podemos fazer uma comparação da tempestade que nos atropela, sem piedade, com aquelas fases de nossa vida, que os problemas passam por cima de nós, sem dó ou piedade, sem dizer a que vieram e se um dia irão embora. (eles irão, sempre vão!)
Tenho uma amiga que brinca: “Se existe uma chance que as coisas deem errado, sossegue, que em algumas fases da vida, essa única chance é o suficiente para que tudo desmorone.” e não é que é isso mesmo?
Parece aquela ‘torre de dominó’ que, cuidadosamente montamos e uma brisa ao longe faz com que toda ela desmorone em frente aos nossos olhos, sem que nada possamos fazer, ficamos ali, vendo tudo desmoronar, em um misto de desespero, tristeza e resignação!
Mas, vamos lá! John Watson tem razão quando diz que “Tempos difíceis não duram. Pessoas fortes duram.”, então força, coragem, serenidade, organização, fé, amizade, amor, resiliência para sobreviver a essa fase! Esses dias li uma frase que dizia mais ou menos assim: “até agora, você sobreviveu a todos os seus piores momentos, então você é vitorioso e vai sobreviver a mais este momento.”.
Achei a frase incrível mesmo! Pensemos juntos: quantas vezes tínhamos a certeza que aquilo que estávamos passando era infinito e seria mais forte que nós e que era invencível? Mas tudo passou, lutamos, batalhamos e vencemos. Pode ser que tenhamos nos machucado, que tenhamos chorado, que tenhamos precisado de ajuda, que tenhamos precisado de compreensão, de empatia, mas o momento ruim passou e nós vencemos! Nós aprendemos, nós nos fortalecemos, além das lições que levamos para a vida, descobrimos que temos mais força que imaginamos, que temos amigos onde nunca havíamos pensado, que existem pessoas empáticas como nunca acreditamos que fosse possível existirem, que nossa fé existe e é forte!
Então, hoje, enfrentando os dias de trovão, respiremos profundamente, vamos abaixar a cabeça, tomar fôlego, organizar nossas ações para a solução paulatina dos problemas (sim, nenhuma solução vem imediatamente, é preciso paciência para que as soluções possam ser construídas e possam começar a ocorrer).
O apoio e o amor dos que nos amam é de fundamental importância neste momento, além da empatia e do cuidado dos que nos cercam também. Se for preciso, não deixemos de buscar ajuda profissional! Muitas vezes a ajuda profissional representa lidar melhor com o sofrimento, crescer e aprender mais com ele, além de poder contar com a escuta atenta e sem julgamentos dos nossos maiores problemas e de nossas maiores dificuldades.
Encerro, com um convite a reflexão: “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.” Carl Jung