A Vale teve prejuízo líquido de US$ 1,642 bilhão no primeiro trimestre deste ano, revertendo o lucro de US$ 1,590 bilhão na comparação anual. No trimestre imediatamente anterior, a empresa havia reportado lucro de US$ 3,786 bilhões. Segundo a companhia, o resultado deveu-se sobretudo aos eventos relacionados à barragem de Brumadinho, como provisões.
Conforme apontou a empresa, as questões envolvendo Brumadinho levaram a empresa a apresentar o seu primeiro Ebitda negativo na história, de US$ 652 milhões no trimestre. Nos primeiros três meses de 2018, a empresa reportou Ebitda de US$ 3,926 bilhões. Já nos últimos três meses de 2018 a empresa reportou Ebitda de US$ 4,467 bilhões. A margem Ebitda ajustada ficou negativa em 8% ante positiva em 46% na relação anual e trimestral.
No balanço, a empresa explicou que o impacto financeiro da ruptura da barragem de Brumadinho no Ebitda do trimestre foi de US$ 4,954 bilhões devido às “provisões para os programas e acordos de compensação/remediação (US$ 2,423 bilhões); provisão para descomissionamento ou descaracterização de barragens de rejeito (US$ 1,855 bilhão); despesas incorridas diretamente relacionadas a Brumadinho (US$ 104 milhões); volumes perdidos (US$ 290 milhões); despesas de parada (US$ 160 milhões); outros (US$ 122 milhões)”, destacaram.
A receita operacional líquida, por sua vez, chegou em US$ 8,203 bilhões, queda de 4,6% ante o mesmo intervalo do ano passado. Em relação ao último trimestre de 2018, houve queda de 16,4%.
Despesas por Brumadinho
As despesas da Vale relacionadas à tragédia de Brumadinho alcançaram US$ 4,504 bilhões de janeiro a março de 2019. O rompimento da barragem ocorreu no fim de janeiro. Desse montante, a maior parcela, de US$ 2,423 bilhões, teve como origem provisões feitas para acordos, multas e doações. A maior dessas reservas foi destinada ao acordo com a Defensoria Pública, que recebeu US$ 1,777 bilhão.
Dentro das despesas da Vale, a mineradora também destinou US$ 1,855 bilhão ao processo de descomissionamento das barragens a montante – que usam tecnologia idêntica a que existia nas instalações de Brumadinho. A empresa cita que houve ainda US$ 122 milhões em outras despesas e US$ 104 milhões em gastos incorridos no processo após a tragédia.
Os gastos mencionados ocorreram apenas no primeiro trimestre e a companhia diz que não é possível avaliar futuros desembolsos. “No estágio atual das investigações, apurações das causas e possíveis ações de terceiros contra a Vale, não é possível determinar todos os custos que podem ser incorridos em decorrência do evento”, cita o balanço do primeiro trimestre. “Portanto, os valores divulgados no resultado do trimestre levam em consideração a melhor estimativa da administração e consideram os fatos e circunstâncias conhecidos até momento”.