Esses dias eu li uma publicação do Padre Fábio de Melo, sobre a Quaresma, ele sugeriu, sempre com a sabedoria de sempre, trocarmos nossos 40 dias sem pão, cerveja ou chocolate, por 40 dias sem fofoca, sem maldade, sem egoísmo, já que não faz diferença a ninguém nossos 40 dias sem chocolate, já nossos 40 dias sem maldade, sem fofoca e sem crueldade mudam muita coisa.
A semana começou linda, começou emocionante. Lady Gaga, após todo sofrimento, todo preconceito, toda a dor que sofreu durante a vida, foi resiliente, foi brava, lutadora, continuou, apesar da descrença, cresceu! Dona de um talento incrível, tornou-se uma artista excelente: venceu o Oscar, mas além de conquistar seu primeiro Oscar, ela se tornou a primeira artista musical a vencer cinco premiações na mesma temporada: Oscar, Grammy, Globo de Ouro, Bafta e Critics’ Choice! Venceu e encantou! Discursou lindamente! Disse ela: “Se você está em casa, sentado em seu sofá vendo isso, tudo o que eu tenho a dizer é que foi um trabalho duro, eu trabalhei muito duro por um longo tempo e não é sobre ganhar, mas sobre não desistir. Se você tem um sonho, lute, há uma disciplina para a paixão, o que conta não são todas as vezes que você é rejeitado e todas as vezes que você cai. Tem a ver com cada luta, onde você é corajoso e persevera.”
Descobri que além de bela, dona de uma bela voz, de um talento incrível, possui um coração lindo: ela visitou um abrigo LGBT no Harlem, pessoas excluídas, agredidas, sem ninguém por elas. Levou-lhes, além de presentes, roupas e etc, carinho, afeto, escuta.
Ela está em uma campanha para inspirar “um milhão de atos de gentileza”.
E a semana foi transcorrendo, aquele clima bélico chato por causa de política: vai Hino, vem roubo, volta ‘meu candidato’, vira ‘meu presidente’, meu isso e meu aquilo, ofensas pessoais ‘comendo soltas’, troca de xingamentos… vergonhoso, triste e lamentável. As pessoas não conseguindo aceitar às diferenças de pensamentos…
Por mais que ‘passemos reto’, apenas, por mais que não comentemos nada, por mais que nos calemos, isso nos afeta, nos faz mal, cansa…
Que 2019 veio para nos ensinar lições, disso eu já não tenho a menor dúvida, mas essa semana, olha gente, essa semana foi ‘didática’, por assim dizer!
Ela veio recheada de comentários que nos deixaram tristes, ainda que não nos manifestemos. É duro escutar: “Não é problema meu que a pessoa não conseguirá trabalhar na roça até essa idade, para se aposentar.”, “Que se danem, votaram no governante anterior, merecem sofrer agora.”
ou “Dane-se: votou nele, merece sofrer, ele não se importa com o pobre, é merecido.”. São coisas que ficam ali, ‘martelando’ em nossas cabeças… me questiono: “Como assim, a gente não se importa com o que pode acontecer com estas pessoas?”. Veja, nem discuto aqui se cabe ou não a tal Reforma, mas sim, a maneira como vemos o sofrimento e o desespero de nossos semelhantes. É estarrecedor assistir pessoas fazendo pouco do sofrimento dos demais. É triste e cruel vermos os como nos referimos aos demais, como somos pequenos em nosso respeito ao outro…
Aí, a semana ia acabando, seguindo com a ‘briga’ entre as pessoas, mas nada muito intenso, afinal, carnaval estava chegando.
Eis que ocorreu o episódio lamentável e triste com o netinho do ex-presidente Lula, pensei: “Que dor para essa mãe, esse pai, essa família, para o próprio Lula, lógico.”.
Como diz a frase: “ Quando uma mãe perde um filho, todas as mães perdem um pouco também.”.
E apesar disso, deparamo-nos com muitas agressões, ‘comemorações’, pessoas atribuindo culpa ao ex-presidente pela morte do neto, outras atribuindo à ‘lei do retorno’, dizendo que ele merecia…
Uau! Somos mesmo craques na crueldade! Nem mesmo a morte trágica de um menininho de 07 anos de idade nos fez parar com brigas e com acusações.
Veja bem: diante do luto e da dor de uma perda desta, nenhuma crítica, gozação e acusação que você faça pode soar bem: porque não é mesmo! Porque é cruel! Porque é desumano! Porque é horrível e baixo! Se nada temos a dizer, que possa ser solidário, neste momento, fiquemos com Arthur Schopenhauer, que diz, sabiamente: “Da árvore do silêncio pende seu fruto, a paz.”.
Que tal se durante 40 dias, fôssemos com Padre Fábio de Melo e tentássemos ser empáticos, não sermos cruéis, não falarmos da vida alheia, não julgarmos? Podemos, inclusive, acrescentar a estes 40 dias, a campanha de Lady Gaga para inspirar “um milhão de atos de gentileza”.
Como seria bom passarmos 40 dias buscando a paz, a compreensão, a solidariedade e fazendo atos concretos de gentileza!!
Encerro com um desejo de Paz, em forma de canção: “A paz invadiu o meu coração, de repente, me encheu de paz, como se o vento de um tufão arrancasse meus pés do chão (…) Eu vim, vim parar na beira do cais, onde a estrada chegou ao fim, onde o fim da tarde é lilás, onde o mar arrebenta em mim (…)”, Gilberto Gil.