Vários bairros de Havana amanheceram nesta segunda-feira, 28, entre escombros depois de um tornado na noite de domingo, 27 O presidente cubano Miguel Díaz-Canel, após percorrer as ruas na madrugada de segunda para supervisionar os trabalhos de resgate, informou que três pessoas foram mortas e 172 ficaram feridas. Esse foi o primeiro fenômeno atmosférico a atingir Cuba em décadas e foi descrito pelo jornal do Partido Comunista como um evento “extraordinário”.
“Estamos percorrendo os locais afetados em Regla (município de Havana). Os danos são severos. Até o momento lamentamos a perda de três vidas humanas, e 172 feridos recebem atendimento. Várias brigadas trabalhando no restabelecimento”, escreveu o presidente no Twitter.
Um pouco antes, o portal governista Cubadebate informava que “Havana sofreu o impacto de um grande tornado que deixou vários danos humanos e materiais em vários povoados da cidade”. Essas localidades permaneceram às escuras por várias horas. “A força dos ventos do tornado pode ser comparada com a de um furacão de categoria 4, ou 5, embora seu impacto esteja mais concentrado”, acrescentou.
Na capital, repórteres da AFP observaram várias ruas do bairro Luyanó, no Município 10 de Octubre, cheias de escombros. Algumas partes de varandas de edifícios cederam, enquanto postes e árvores caídos interrompiam as vias.
O Hospital Materno Infantil Filhas da Galícia estava sendo esvaziado por danos em suas instalações, constatou um jornalista da AFP. O soar das sirenes na cidade era constante, com bombeiros e ambulâncias, deslocando-se em trabalhos de resgate. Outros bairros afetados na capital foram Santos Suárez, Vía Blanca e Chibás.
“Forte tornado em Havana. Me pegou na rua, no carro, com minha mulher e meus filhos. E tive que ir desviando de árvores derrubadas, inundações e fortes ventos. Até que consegui chegar em casa. Passamos um grande susto”, contou o ator Luis Silva, “Pánfilo”, que encontrou Barack Obama em sua visita à ilha em 2016.
Som
O tornado se deu em meio a uma esperada tempestade que já afetava a zona oeste de Cuba, com rajadas de até 100 quilômetros por hora e penetração do mar. A tormenta se prolongava na madrugada desta segunda.
O especialista do Instituto de Meteorologia (Insmet), Armando Caymares, disse à imprensa do governo que “as pessoas sentiram como o som de um avião de propulsão a jato e mudanças na pressão ambiental”.
Pelas redes sociais, cidadãos compartilhavam imagens de ruas inundadas, de veículos revirados e lançados contra muros ou atingidos por postes. Tudo isso em meio à penumbra. Em vários bairros, a energia já havia sido cortada antecipadamente por precaução, mas ia sendo reposta à medida que as condições melhoravam.
Explicações
Os especialistas em meteorologia explicaram que este fenômeno resultou de uma baixa extratropical que desceu do sudeste do golfo do México e entrou pelo oeste da ilha. As zonas do oeste de Cuba afetadas são as províncias de Pinar del Rio, Artemisa e Mayabeque. A tempestade avançava para o centro do país, mas com menor intensidade, segundo especialistas.
De acordo com o Insmet, a passagem de tornados pela capital cubana não é um fenômeno cotidiano. Um dos mais lembrados é o de 26 de dezembro de 1940, que atingiu a localidade de Bejucal.
Em 2017, o poderoso furacão Irma castigou 12 das 15 províncias cubanas, deixando perdas de 13,185 bilhões de dólares, com danos em moradias, instalações de saúde, escolas, hotéis, redes elétricas e cultivos. COM AGÊNCIA INTERNACIONAIS