A Polícia Civil investiga a origem da arma usada por Euler Fernando de Grandolpho, de 49, no ataque à Catedral Metropolitana de Campinas, no interior, na última terça-feira, 11. Segundo a investigação, as munições de calibre 9 mm deflagradas no atentado seriam antigas e não constaria o número do lote nos projéteis. A principal suspeita é que a pistola tenha sido roubada de algum colecionador ou praticante de tiro esportivo e depois repassada ao atirador.
Ex-funcionário do Ministério Público, Grandolpho vivia recluso e não tinha porte ou posse de arma autorizado pelas Forças Armadas ou pela Polícia Federal, de acordo com as investigações. “A família ficou surpresa em saber que ele tinha arma”, disse o delegado José Henrique Ventura, titular do Deinter da região de Campinas.
No dia do crime, ele almoçou com na casa do pai, com quem morava em um condomínio de alto padrão em Valinhos, cidade vizinha, e, sem avisar a ninguém, saiu por volta do meio-dia para Campinas. Para os agentes que atuam no caso, o mais provável é que ele tenha feito o transporte de ônibus, uma vez que sua motocicleta havia sido vendida.
“O dinheiro da moto não seria suficiente para comprar as armas”, disse o delegado José Henrique Ventura, titular do Deinter de Campinas. Grandolpho trazia na mochila sua carteira de habilitação, um revólver 38 e a pistola 9 mm, de uso restrito de forças policiais, além de quatro carregadores. Tinha 58 balas à disposição, calcula a polícia. Conseguiu atirar 22 vezes, antes de morrer. “Se a polícia não tivesse interferido, seria uma tragédia muito maior.”
Do total de disparos, 21 foram contra os fiéis. Todos com a pistola, modelo Cz 75b, que é de fabricação tcheca. Até o momento, cinco pessoas morreram, quatro delas dentro da Catedral Todas eram homens. Já os PMs atiraram nove vezes, segundo a investigação, mas só uma bala teria atingido Grandolpho na região do tórax. Com a última munição no pente, ele teria apertado o gatilho na altura da têmpora esquerda e cometido suicídio.
Agora, a Polícia Civil quer esclarecer como Grandolpho teve acesso às armas. Tanto o revólver quanto a pistola estavam com a numeração raspada, os investigadores, no entanto, ainda não sabem se o atirador conseguiu emprestado de alguém ou comprou no mercado negro.
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Sem emprego desde que deixou o cargo de auxiliar de promotoria em 2014, ele vivia às custas da família. “Com ele dependia do pai, não teria dinheiro para comprar as armas”, disse Ventura. Segundo o delegado, será pedido à Justiça a quebra de sigilo bancário para saber se houve movimentação de dinheiro que poderia financiar as armas.
Outra hipótese, considerada menos provável pelos policiais, é de que Grandolpho tenha recebido ajuda para cometer o ataque. “Estamos investigando mas, ao que tudo indica, ele realmente agiu como um lobo solitário”, disse o delegado Hamilton Caviola, responsável pelo inquérito do caso.
Desde 20o4, uma portaria do Exército determina que todas as munições vendidas no Brasil tenham um número de série que serve para identificar o lote de fabricação. Isso permitiria aos policiais, por exemplo, saber qual a origem das balas. “A perícia já me informou que são munições antigas, sem nenhum número”, disse Caviola. “Infelizmente, não vamos conseguir rastrear pelo lote.”
Para o delegado, o mais provável é que a arma seja, originalmente, de algum colecionador ou praticante de tiro esportivo. “Vamos levantar todos os registros de furto e roubo de arma para saber se algum caso bate com esse”, disse.