O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) encaminhou um ofício ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), solicitando autorização para exercer seu mandato remotamente a partir dos Estados Unidos, onde reside atualmente. O parlamentar afirma ser alvo de perseguição política e classifica sua situação como mais grave do que a vivida durante a pandemia de covid-19.
Eduardo Bolsonaro está fora do país desde março de 2025, quando pediu uma licença de 122 dias, alegando motivos de segurança e perseguição política. Com o término do afastamento, o deputado não retornou às atividades e passou a acumular faltas, o que pode levar à perda do mandato. Além disso, ele é alvo de um pedido de cassação já em análise na Comissão de Ética da Câmara.
No ofício enviado à presidência da Casa, Eduardo pede para seguir atuando à distância, argumentando que sua participação na Comissão de Relações Exteriores depende de contatos internacionais, os quais, segundo ele, estariam sendo fortalecidos com sua presença nos EUA. O parlamentar defende que sua atuação internacional integra o que chama de “diplomacia parlamentar”.
Na semana anterior, a Polícia Federal indiciou Eduardo Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro por crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. De acordo com as investigações, Eduardo teria atuado junto ao governo do então presidente dos EUA, Donald Trump, em ações para retaliar autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos últimos meses, os EUA anunciaram medidas como um aumento de 50% nas tarifas de importações brasileiras e sanções ao ministro Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky — mecanismo usado para punir violações de direitos humanos.
Para justificar o pedido de trabalho remoto, Eduardo Bolsonaro citou a permissão concedida aos deputados durante a pandemia de covid-19. Em sua argumentação, ele afirma que a atual “crise institucional” seria ainda mais grave do que a emergência sanitária que matou cerca de 700 mil brasileiros.
“O risco de um parlamentar brasileiro ser alvo de perseguição política hoje é incomparavelmente maior do que o risco de adoecer gravemente durante a pandemia”, declarou. O deputado também criticou o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de promover um ambiente de “terror e chantagem” dentro do Legislativo.
Ao final do documento, Eduardo reafirma que não reconhece qualquer falta, não pretende renunciar e seguirá reivindicando o direito de manter seu mandato.



