Um estudante de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), gerou revolta nas redes sociais após fazer um comentário sobre um texto publicado pela artista e fotógrafa Tracy Figg, na segunda-feira (11).
Na versão original, a artista fala sobre estupro e os riscos que as mulheres enfrentam diariamente na sociedade. O texto foi publicado depois da repercussão do caso da mulher que foi estuprada por um médico anestesista durante o parto, no Rio de Janeiro (RJ).
Nas redes sociais, o estudante, de 21 anos, comentou a publicação de Tracy e fez uma versão falando sobre o desempenho das mulheres no trânsito. Internautas se revoltaram com a situação e repudiaram o deboche do texto escrito pelo estudante. “Cê tá de sacanagem, né?”, disse uma jovem.
Após alguns comentários criticando a atitude do jovem, ele respondeu dizendo que fez o a publicação satírica para expor a “generalização ridícula que foi feita no texto original”. “”Fiz um texto satírico justamente pra expor além de ridículo é bem transfóbico. Não existem pessoas com pênis que não são homens? E não existe estupro por parte de mulheres cis? Texto ridículo por texto ridículo, eu prefiro o meu. Tit for tat”, escreveu.
O estudante de medicina acabou excluindo a publicação depois de receber muitos comentários de repúdio.
Em entrevista ao G1, o jovem afirmou que escreveu a sátira para ironizar como se só as mulheres cometessem infração de trânsito.
“Primeiramente, quero deixar explícito o meu repúdio ao caso de estupro que foi noticiado. Aquilo não é um ser humano, muito menos um médico. Diante do acontecido, um perfil do Instagram publicou uma imagem que continha um poema que lamentava a situação, mas que logo tomou outro rumo. Até que, enfim, o texto finalizou com “nem todo homem, mas sempre um homem”. Ora, os estupros não são sempre cometidos por homens, ainda que o sejam na maioria das vezes.”, afirmou o jovem.
O estudante ainda disse que a palavra “sempre”, usada no texto de Tracy, exclui exceções e segundo ele, não é o caso do crime de estupro. “Diante da conclusão estapafúrdia do poema original, que imputa somente ao homem o crime de estupro, fiz um poema satírico e tão ridículo quanto a conclusão do primeiro. Nele, fiz uma sátira me referindo a infrações de trânsito e ironizei como se só as mulheres cometessem, o que é claramente não é verdade. Em nenhum momento no meu texto ironizo o estupro ocorrido, não fiz piada com estupro e muito menos fiz piada com violência”, relata.
O jovem ainda explica que fez o texto satírico de forma inocente e “intencionalmente absurdo”, com o intuito de expor a “ideia ridícula” que existe através da frase “sempre um homem” no texto original. “Em nenhum momento comparei o crime de estupro a infrações de trânsito, isso sequer faz sentido. É óbvio que há homens que cometem infração de trânsito, assim como há, também, mulheres que estupram. E é isso que o meu texto satírico quis expor: o ridículo da conclusão do texto original”, explicou o estudante.