A sequência de casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas em São Paulo expôs a gravidade de uma prática criminosa que já resultou em internações, perda de visão e mortes. Segundo balanço da Secretaria Estadual da Saúde, divulgado nesta quarta-feira (1º), são 25 ocorrências confirmadas ou em investigação, das quais cinco resultaram em óbito.
Embora nem todas as vítimas tenham sido oficialmente identificadas pelas autoridades, familiares e amigos compartilharam relatos que revelam o drama vivido por quem ingeriu as bebidas contaminadas.
Rafael Anjos Martins: jovem em coma após confraternização

O designer Rafael Anjos Martins, de 28 anos, comprou duas garrafas de gin em uma adega na Zona Sul de São Paulo, no fim de agosto. Durante uma confraternização com amigos, consumiu a bebida sem suspeitar da adulteração.
Horas depois, Rafael passou mal e foi internado em Osasco. O metanol atingiu o cérebro e o nervo óptico, e desde 1º de setembro ele permanece em coma na UTI, respirando com ajuda de aparelhos. Amigos que também beberam o gin apresentaram sintomas, entre eles a perda parcial da visão.
Radharani Domingos: cegueira após caipirinhas em bar
A designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, perdeu a visão depois de consumir três caipirinhas preparadas com vodca em um bar nos Jardins, bairro nobre da capital. Ela foi internada em estado grave, chegou a ser intubada e sofreu convulsões.
Embora já tenha deixado a UTI, Radharani ainda não recuperou a visão. “Não estou enxergando nada”, disse em entrevista recente. A polícia interditou o bar e apreendeu cerca de 100 garrafas suspeitas de adulteração.
Bruna Araújo de Souza: quadro grave após show de pagode

A jovem Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, passou mal após assistir a um show de pagode em um bar de São Bernardo do Campo. Ela consumiu doses de vodca e, no dia seguinte, apresentou sintomas como dor intensa, falta de ar e visão embaçada.
Encaminhada a uma UPA, teve o quadro agravado e foi transferida intubada para o Hospital de Clínicas da cidade. Bruna segue internada em estado grave. O namorado também apresentou sinais de intoxicação.
Wesley Pereira: internação prolongada após festa

Wesley Pereira, de 31 anos, ingeriu whisky em uma festa na Zona Sul de São Paulo, em agosto. Poucas horas depois, entrou em coma. Desde então, permanece internado no Hospital do Campo Limpo.
Durante a internação, Wesley sofreu pneumonia por broncoaspiração, perdeu a função de um dos rins e sofreu um AVC. Também perdeu a visão. Familiares relatam que o quadro é grave e que sua vida nunca mais será a mesma.
Marcelo Lombardi: morte confirmada por metanol

O advogado e empresário Marcelo Lombardi, de 45 anos, morreu após consumir vodca comprada em uma adega na região do Sacomã, Zona Sul da capital.
Segundo a família, Marcelo amanheceu desorientado, já sem visão, e foi levado ao hospital, onde não resistiu. O laudo médico apontou intoxicação por metanol como causa da morte. Casado, ele era descrito como o pilar da família. “Perdemos a nossa base”, lamentou a irmã.
Uma tragédia em escala
As histórias revelam como a intoxicação por metanol atinge diferentes perfis — jovens em festas, famílias em casa, clientes de bares em áreas nobres ou periféricas. Os casos reforçam o alerta das autoridades de saúde sobre os riscos do consumo de bebidas sem procedência e a necessidade de buscar atendimento imediato diante de sintomas como dor abdominal intensa, visão turva, tontura e falta de ar.




