Brasil já registrou 23 ataques em escolas desde 2002, de acordo com um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O ataque mais recente aconteceu na escola da Vila Sônia, em São Paulo, e seguiu o mesmo padrão dos anteriores, com meninos ou homens, quase sempre brancos, atraídos por discursos de ódio e racismo dentro de grupos da internet.
O governador de São Paulo, em resposta ao ataque, anunciou a presença mais ostensiva de policiais militares dentro das escolas, o que foi criticado pelo secretário Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente, Ariel de Castro Alves, que defendeu a necessidade de medidas mais cautelosas e focadas na investigação das situações logo que elas aconteçam, em vez de medidas de repressão.
Cleo Garcia, mestranda em educação na Unicamp e especialista em justiça restaurativa, explicou que o discurso de ódio e misoginia, principalmente, é uma das principais causas desses ataques, e que é necessário prevenir essas situações através da inclusão de conteúdo sobre cultura de paz e direitos humanos nos currículos escolares.
Além disso, Garcia defendeu a justiça restaurativa como um caminho para a resolução de conflitos dentro das escolas, envolvendo todos da comunidade escolar – alunos, professores e pais – na resolução dos conflitos e focando na reparação dos danos às vítimas, em vez de envolver punição.
Apesar do estado de São Paulo ter regulado a figura do professor mediador nas escolas estaduais desde 2010, Garcia avalia que é necessário o envolvimento de todos da comunidade escolar para que os conflitos sejam resolvidos dentro da lógica da justiça restaurativa.
Em suma, a violência em escolas é um problema grave no Brasil e deve ser combatido com medidas cautelosas, como a inclusão de conteúdo sobre cultura de paz e direitos humanos nos currículos escolares, e com o envolvimento de todos da comunidade escolar na resolução dos conflitos, adotando a justiça restaurativa como caminho para reparar danos às vítimas e promover a transformação das pessoas envolvidas, em vez de buscar vingança ou punição.