A confirmação de um foco de gripe aviária no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, provocou a suspensão temporária das importações de carne de frango brasileira por três importantes mercados: China, União Europeia e Argentina. A medida, anunciada nesta sexta-feira (16), vale inicialmente por 60 dias.
Mesmo com o foco regionalizado, as restrições adotadas pela China e pelo bloco europeu atingem todo o território brasileiro. A decisão segue critérios sanitários previstos em acordos comerciais já firmados entre os países.
A China é o principal destino da carne de frango nacional, com 562,2 mil toneladas embarcadas em 2024, o que corresponde a 10,8% das exportações do produto. A União Europeia aparece na sétima posição, com 231,8 mil toneladas compradas em 2023, cerca de 4,5% do total, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A Argentina, embora com menor volume de importação, também suspendeu as compras. O governo do país vizinho informou que a medida é preventiva e que estão sendo reforçadas as ações de biossegurança em granjas próximas à fronteira.
Ministério reforça segurança sanitária
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ressaltou que segue as regras internacionais de transparência e que cumpre os acordos sanitários firmados com os países compradores. Também destacou que está negociando o reconhecimento do princípio de regionalização com parceiros, o que limitaria as restrições às áreas afetadas.
Enquanto alguns países impõem restrições amplas, outros — como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas — já aceitam o conceito de regionalização. Juntos, esses mercados representam mais de 35% das exportações brasileiras.
Apesar das suspensões, o Mapa reforçou que não há risco no consumo da carne ou de ovos. “A gripe aviária não é transmitida por alimentos. Os produtos inspecionados continuam seguros para consumo”, declarou o ministério.
Impacto no mercado
O Brasil exporta cerca de 5,2 milhões de toneladas de carne de frango por ano, com receitas que superam US$ 9,9 bilhões. Quase 36% da produção nacional tem como destino o mercado externo. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os maiores exportadores do setor, sendo responsáveis por 78% dos embarques.
O novo episódio de gripe aviária ocorre menos de um ano após o registro de um foco da doença de Newcastle no Rio Grande do Sul, em 2024. Na ocasião, o Brasil conseguiu conter a propagação e manter a confiança dos mercados, o que se espera repetir agora, com medidas rápidas e rigorosas de controle sanitário.