O assalto que ocorreu em janeiro em Limeira (SP), quando os ladrões usaram um automóvel de ações de combate à dengue, da Zoonoses, teve participação da servidora que era responsável pelo veículo. O apontamento é da Polícia Civil de Limeira que, por meio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), descobriu o envolvimento da funcionária pública no crime, associada com outras pessoas, e que em data anterior o mesmo grupo teve a intenção de praticar o crime. As investigações são comandadas pelo delegado William Marchi.
Conforme mostrado pelo Rápido no Ar na época, um casal chegou com o carro de combate à dengue num imóvel na Vila Cláudia e se apresentou como agentes de fiscalização. A moradora, acreditando que realmente tratava-se de um serviço público, já que eles estavam com o veículo oficial, abriu o portão e foi rendida. Minutos depois, um terceiro assaltante chegou. Durante o assalto, os criminosos perceberam que tinham invadido o imóvel errado, pois a intenção deles era entrar na casa vizinha, que pertence a um empresário. Mesmo assim, consumaram o roubo e deram prejuízos de pelo menos R$ 10 mil, por conta do valor dos objetos subtraídos.
O trio fugiu e abandonou o carro do Zoonoses perto do anel viário. Durante o atendimento à ocorrência, a Polícia Militar soube que a servidora que usava o carro tinha sido abandonada perto da Ponte do Funil, na divisa com Santa Bárbara D’Oeste. Apresentada na delegacia, ela mencionou que foi abordada por um casal o qual, mediante ameaça com arma de fogo, subtraiu o veículo oficial, o celular corporativo, seu crachá, colete e o tablet da Secretaria da Saúde. Alegou ainda que foi colocada de cor preta e abandonada próximo a Ponte do Funil, de onde a própria vítima telefonou com seu aparelho celular para pedir socorro. À Polícia Civil, ela alegou ter escondido seu aparelho de telefone na meia, enquanto o aparelho pertencente à Prefeitura teria sido roubado pelos criminosos.
A INVESTIGAÇÃO
Porém, quando a investigação teve início pelos policiais da DIG, eles descobriram que ela não tinha sido vítima, pelo contrário, estava associada com o bando no crime. Com autorização judicial, eles tiveram acesso aos dados telefônicos da servidora municipal e conseguiram informações que apontavam a participação dela no roubo.
Outra situação identificada pelos policiais civis foi uma primeira tentativa de assalto à mesma residência. O crime ocorreu no dia 27 de janeiro (segunda-feira), mas, de acordo com a vítima, o mesmo casal esteve em sua residência no dia 24 daquele mês (sexta-feira). Porém, naquela data, a moradora não pôde atender e a dupla foi embora. O que chamou a atenção dos investigadores foi que, na primeira ocasião, os dois também estavam com o veículo do Zoonoses, ou seja, o carro tinha sido cedido pela servidora para a empreitada criminosa. À Polícia Civil, a Prefeitura informou que, nos dois dias, a mesma funcionária era responsável pelo automóvel. Ainda conforme o Executivo, em momento algum deveria ter sido realizada fiscalização no imóvel roubado, o qual não era objeto de vistoria agendada, nem localizado nos bairros onde estariam ocorrendo as fiscalizações.
Numa das trocas de mensagens telefônicas obtidas pelos policiais, ela comunica a um amigo que o “negócio” na sexta-feira “não virou” e acrescentou “hoje vai virar”, situação que comprovava a suspeita dos policiais, ou seja, que o crime era para ter ocorrido dias antes, mas, por conta de o casal não ter sido atendido pela moradora, ocorreu três dias depois.
OUTROS ENVOLVIDOS
Com auxílio da muralha digital, a Polícia Civil conseguiu descobrir outros carros envolvidos no crime e, ao término, identificou praticamente todos os integrantes do bando, com exceção de uma segunda mulher. Os investigadores conseguiram apurar quem arquitetou o assalto, que já prestou depoimento e confessou sua participação. Outro envolvido foi preso nesse mês.
Por meio de depoimentos, os policiais conseguiram confirmar a participação da servidora no assalto e ela é investigada por roubo, associação criminosa, peculato e falsa comunicação de crime. A funcionária pública também é alvo de sindicância na Prefeitura e está foragida – a mulher tinha em seu desfavor um mandado de prisão temporária. A Polícia Civil já representou pela prisão preventiva dela e de outros três homens. O caso segue em investigação.