A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) produziu um material com todas as informações sobre doação de medula, para marcar a “Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea”, comemorada entre os dias 14 e 21 de dezembro.
Neste texto, você encontra esclarecimentos sobre como é feita a doação de medula, quem pode ser doador e como é realizado o procedimento do transplante, entre outros. Confira.
Punção medular
De acordo com informações do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doação de medula óssea é um procedimento realizado em um centro cirúrgico, sob anestesia, e que requer internação de 24 horas.
A medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções (retirada de fluídos do corpo com uma seringa e agulha específicas para esse procedimento), levando em torno de 90 minutos. Em apenas 15 dias, a medula óssea do doador se recompõe.
Segundo o Redome/Inca, nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.
Coleta por aférese
Há outro método de doação chamado coleta por aférese, que é uma tecnologia usada para separar componentes do sangue por meio de um equipamento. Nesse caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco (células mais importantes para o transplante de medula óssea) circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separando as células-tronco que serão utilizadas no transplante.
O Redome/Inca esclarece que esse método não requer internação nem anestesia, já que todos os procedimentos são feitos pela veia. A decisão sobre o método de doação mais adequado é exclusiva dos médicos assistentes, tanto do paciente quanto do doador, e será avaliada em cada caso.
Quem pode doar
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
• ter entre 18 e 35 anos de idade;
• estar em bom estado geral de saúde;
• não ter doença infecciosa ou incapacitante; e
• não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.
É importante observar que algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisadas caso a caso.
Transplante
O transplante de medula óssea é um procedimento rápido, como uma transfusão de sangue, que dura em média duas horas. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras, que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.
O paciente, depois de se submeter a um tratamento que destruirá a sua própria medula, receberá as células da medula sadia de um doador. Essas células, após serem coletadas do doador, são acondicionadas em uma bolsa de criopreservação de medula óssea, congeladas e transportadas em condições especiais (maleta térmica controlada com termômetro, em temperatura entre 4ºC e 20ºC) até o local onde acontecerá o transplante.
As células infundidas no paciente também podem ser da sua própria medula, retiradas antes do tratamento e congeladas para uso posterior (no caso do transplante autólogo), ou de sangue de cordão umbilical (em caso de doação aparentada ou utilização de uma unidade de células dos Bancos Públicos de Sangue de Cordão).
Tratamento
O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue. Consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais da medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável.
Dessa forma, o procedimento pode ser indicado para algumas doenças que afetam as células do sangue, como leucemia aguda, leucemia mieloide crônica, leucemia mielomonocítica crônica, linfomas, anemias graves, anemias congênitas e mieloma múltiplo, entre outras. Portanto, o transplante de medula óssea é capaz de salvar vidas e, por isso, a doação é tão importante.
Importação de células
Caso não seja encontrado doador compatível no Brasil, o Ministério da Saúde, por meio do Inca, faz uma busca internacional para a identificação de doador de células progenitoras hematopoéticas em outros países para a realização do transplante de medula óssea. Quando o doador é encontrado, é iniciado o processo de importação e de avaliação pela Anvisa das condições sanitárias do material, para que as células sigam seguras e com qualidade até o destino final, que é o paciente. Entre 2016 e 2020, foram realizadas 742 importações de células progenitoras hematopoéticas para transplante de medula óssea no Brasil. Em 2021, já há registro de 126 importações (dados preliminares).
Segurança e qualidade
No Brasil, a Anvisa cumpre o papel de estabelecer normas que garantem a segurança e a qualidade da realização de procedimentos necessários à captação de doadores, à realização da doação e ao transplante de medula óssea, que é um tipo de terapia celular.
Dessa forma, a Agência é responsável pela legislação sanitária que estabelece os requisitos técnicos para o funcionamento de laboratórios que realizam atividades relacionadas ao ciclo das células progenitoras hematopoéticas (CPHs) para fins de transplante.
Atualmente, estes estabelecimentos de saúde são denominados Centros de Processamento Celular (CPCs). A legislação dispõe sobre as Boas Práticas em Células Humanas para uso terapêutico e em pesquisa clínica, de forma a garantir a segurança e a qualidade de produtos terapêuticos à base de células.
Cadastre-se para doar medula óssea
De acordo com informações do Inca/Redome, o cadastro de doadores voluntários é realizado nos hemocentros de todo o país. Confira a lista de hemocentros. (http://redome.inca.gov.br/doador/hemocentros/)