Líder em farmácias no País, a rede Raia Drogasil anunciou nesta terça-feira, 26, a aquisição da Onofre, marca que estava nas mãos da gigante americana CVS Health desde 2013. Com o acordo, o grupo americano deixa o Brasil, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo. O valor do negócio não foi revelado.
As conversas entre as companhias começaram um pouco antes do Natal. Seis anos depois de entrar no Brasil, a companhia americana não conseguiu ganhar escala e ainda se envolveu numa disputa com os antigos controladores da Onofre, a família Arede. O processo arbitral está tramitando na Câmara Arbitral Brasil-Canadá.
Com 50 unidades, sendo 47 em São Paulo, a rede Onofre, que faturou R$ 479 milhões no ano passado e dava prejuízo, era pouco significativa para a CVS, que faturou em 2018 cerca de US$ 200 bilhões. Por isso, a companhia começou a oferecer o ativo para potenciais interessados, incluindo rivais e fundos de investimento.
Líder no varejo farmacêutico no Brasil, com 1.849 unidades em 22 Estados, a Raia Drogasil viu oportunidades na Onofre. Segundo Marcílio Pousada, presidente da companhia, o canal de e-commerce da rede é um dos mais competitivos do setor, com preços mais agressivos do que os da concorrência.
“Compramos a Onofre por um preço competitivo. Sabemos que é um caso de ‘turnaround’ (virada), mas a Raia Drogasil tem o que aprender com o comércio eletrônico da Onofre”, disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo.
O negócio ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Pelo acordo, a Raia Drogasil não vai herdar o processo entre a CVS e a família Arede. “Independentemente da decisão, não vamos ser envolvidos.” A CVS teria pago cerca de R$ 700 milhões para comprar a Onofre, segundo fontes. Após a compra, teria encontrado passivos trabalhistas e fiscais não listados pelos antigos donos.
Marca
A Raia Drogasil ainda não definiu se o grupo vai manter a marca Onofre ou se vai converter a bandeira para Raia. “Começamos a negociar recentemente e acabamos de fechar o negócio. Não deu tempo de pensar nesta estratégia”, afirmou Pousada. O executivo reconhece que as duas bandeiras têm sobreposição de lojas – mas ressalva que esse problema pode ser contornado.
“Se sobreposição fosse problema, não teríamos feito a fusão da Raia com Drogasil”, afirmou Eugênio De Zagottis, diretor de relações com investidores do grupo. A fusão da Raia com a Drogasil ocorreu em 2011. No mesmo ano, a Drogaria São Paulo se fundiu a com a rede Pacheco, criando a DPSP.
“A Onofre foi a primeira aquisição (de uma rede) pela Raia Drogasil desde a fusão. Antes, tínhamos comprado 27 lojas da Santa Marta, que estava em recuperação judicial”, afirmou Pousada. O grupo, segundo ele, vai continuar dando prioridade à expansão orgânica da rede.
Nesta terça, a Raia Drogasil divulgou que encerrou 2018 com receita líquida de R$ 14,8 bilhões, aumento de 12% em relação a 2017. O lucro líquido da companhia ficou em R$ 548,6 milhões, alta de 7% sobre 2017. As ações da rede fecharam em alta de 3,29%, a R$ 60,94.