O plantio de árvores, medida tradicionalmente utilizada em planos de compensação e recuperação ambiental, foi substituído por um programa de coleta e reciclagem de bitucas de cigarro, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Um Termo de Compensação e Recuperação Ambiental (TCRA) entre a prefeitura e duas empresas, divulgado na quarta-feira, 6, prevê a instalação de 130 caixas coletoras em pontos estratégicos da cidade. O uso das caixas pelos fumantes será incentivado por uma campanha educativa, prevista no programa.
O compromisso foi assumido pela empresa Prysmian, fornecedora de cabos e sistemas para energia e telecomunicações, como compensação pelas obras de ampliação de sua unidade industrial em Sorocaba. A proposta apresentada pela Secretaria de Meio Ambiente do município envolveu a Poiato Recicla, pioneira na coleta e reciclagem de bitucas de cigarro, com sede em Votorantim, cidade vizinha. A instalação das caixas coletoras já foi iniciada. O material será recolhido e reciclado pela empresa, que devolverá ao município o papel reciclado, resultante do tratamento das bitucas.
De acordo com o secretário Jessé Loures, o programa atende à questão ambiental e traz reflexos importantes na saúde pública. “Sabe-se que uma bituca de cigarro contém cerca de nove mil toxinas, demora até 15 anos para se decompor e o cigarro é um dos principais causadores do câncer. Ao lado da coleta, vamos fazer campanhas antitabagistas e ações de conscientização sobre os impactos ambientais.”
O termo prevê que, durante 18 meses, a Prysmian vai coordenar um programa de educação ambiental no município envolvendo a sustentabilidade. Também fará um trabalho de conscientização para o descarte correto de bitucas. “Quando se fala em compensação ambiental, também precisamos pensar em outras possibilidades, como a retirada do solo e do ambiente de um resíduo altamente tóxico, como a ponta do cigarro”, disse a diretora de qualidade, saúde, segurança e meio ambiente da Prysmian na América do Sul, Rosana Panoute Antonio.
O projeto de reciclagem de bitucas foi criado pelo empresário Marcos Poiato com tecnologia desenvolvida pela Universidade de Brasília (UnB). Na estação de reciclagem, em Votorantim, as bitucas são trituradas, submetidas à depuração dos componentes tóxicos e transformadas em massa celulósica (papel reciclado). Desde que foi criada, há seis anos, a empresa já reciclou 30 milhões de bitucas.
Foto: Poiato Recicla/Divulgação