O primeiro dia da Comic Con Experience (CCXP) foi marcado, entre outros eventos, por uma celebração dos 80 anos do Batman. A ocasião, que motivou até o cartaz do evento a trazer uma arte de Mike Deodato Jr com o Homem-Morcego, reuniu vários quadrinistas que marcaram época no comando do personagem.
A velha-guarda dos quadrinhos foi representada por Neal Adams, artista de 78 anos que ajudou a revitalizar o Batman na década de 1970, quando sua popularidade já estava em baixa mais de 30 anos após debutar nas páginas da revista Detective Comics, quando foi concebido por Bob Kane e Bill Finger, em 1939. “É muito interessante interpretar o Batman, mas nós, artistas, ainda não sabemos exatamente o que é o personagem. Quando você ajuda alguém sem pedir nada em troca, você é o Batman também”, afirmou Adams, que foi ovacionado pela plateia quando disse que “o Coringa é a insanidade que cria alguns presidentes”. Adams marcou época com sua bem-sucedida parceria com o roteirista Dennis O’Neil, com quem criou alguns personagens secundários, como o vilão Ra’s al Ghul, além de restabelecer o status de antagonistas clássicos, como o Coringa e o Duas Caras.
O brasileiro Rafael Grampá, que está colaborando com o lendário roteirista Frank Miller em uma nova sequência de O Cavaleiro das Trevas, disse que acrescentou prédios e detalhes da cidade de São Paulo em sua versão de Gotham. “O que se pode fazer de novo no Batman? Ele já tem 80 anos, todo mundo já fez de tudo. Mas, então, você tem uma ideia, e ela sempre pode funcionar. Por isso é um personagem tão mágico”, disse Grampá.
O quadrinista Frank Quitely, que ficou conhecido por sua versão de Batman e Robin de 2009, concorda com Grampá: “Sempre haverá um Batman, o personagem continua evoluindo ainda hoje”. No entanto, ele brincou: “São Paulo poderia ser uma boa Gotham, mas o trânsito certamente atrapalharia o Batman”.
Outro quadrinista que integrou a discussão sobre o personagem foi Mikel Janin, artista espanhol que migrou do terreno independente para as HQs de super-heróis e trabalhou na versão mais recente do Batman, escrita por Tom King. “A questão desse arco é se é possível Batman ser feliz sem desistir de ser um vigilante”, explicou o artista.
Já o argentino Eduardo Risso confessou que não sabia nada sobre o personagem quando a DC o convidou para desenhá-lo. “Hoje eu faria muitas coisas diferentes”, brincou ele.
O painel sobre os 80 anos do Batman será reeditado no sábado, 7, às 18h, no Auditório Ultra, e contará com participação de Frank Miller.