A Prefeitura de Limeira continua apertando o cerco contra imóveis que oferecem risco à saúde pública devido à presença de criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Nesta segunda-feira (15), uma força-tarefa iniciou a limpeza compulsória em uma casa no bairro Anavec, que há anos era alvo de reclamações da vizinhança. Além da pequena mata que se formou no quintal, o interior do imóvel estava tomado por pilhas de materiais recicláveis, favorecendo a proliferação de insetos e roedores. Os trabalhos são realizados pela Divisão de Controle de Zoonoses e pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos e só devem terminar amanhã (16).
A chefe da Divisão de Zoonoses, Pedrina Aparecida Rodrigues Costa, informou que o local é habitado por duas mulheres (mãe e filha) que viviam em condições precárias, sem água, sem energia elétrica e sem condições mínimas de higiene. A cozinha abrigava três fogões, porém a quantidade de inservíveis amontoada sobre eles indicava que há muito tempo esses eletrodomésticos não eram usados. Encostada em um canto, a geladeira também não apresentava serventia.
A mobilidade dentro do imóvel era limitada. Em todos os cômodos da casa, caixas e sacos com todo tipo de objetos, como garrafas pet, roupas, revistas, papelão, latas, entre outros, dificultavam a circulação das moradoras. A pilha de sacolas acumuladas tomava conta de sofás, mesas e até das camas. Segundo Pedrina, os agentes encontraram larvas de mosquito, que serão encaminhadas para análise de compatibilidade com o Aedes aegypti. “Também identificamos fezes de ratos em todos os ambientes”, disse.
Mesmo perante a situação de precariedade das moradoras, a equipe de limpeza enfrentou resistência para entrar no imóvel. Por esse motivo, a ação recebeu o apoio do Centro de Atenção Psicossocial (Caps 2) e da Guarda Civil Municipal. Mãe e filha foram encaminhadas a uma clínica terapêutica onde passarão por avaliação médica. A prefeitura continuará acompanhando-as.
HISTÓRICO
A chefe da Divisão de Zoonoses informou que o imóvel do Anavec era motivo recorrente de reclamações dos vizinhos e por diversas vezes foi autuado pelos fiscais da prefeitura. Só a Vigilância Sanitária emitiu sete autos de infração desde 2015. Porém, as notificações para limpeza eram ignoradas pelas moradoras, que também não permitiam a entrada dos agentes.
Devido à complexidade do caso, o Caps foi acionado e em 2019 tentou aproximação com a família. Apenas a filha aceitou tratamento e passou a receber suporte nutricional, por intermédio da Unidade Básica de Saúde (UBS) da região. Porém, com o início da pandemia ela deixou de procurar a UBS.
“As ações de limpeza compulsória são medidas extremas, adotadas quando todas as tentativas anteriores de vistoria e de limpeza não são aceitas pelos proprietários e o imóvel apresenta risco à saúde pública da comunidade”, relatou Pedrina. “Apesar do coronavírus, os trabalhos de controle e prevenção à dengue seguem intensos em Limeira. A população deve colaborar, eliminando possíveis criadouros dentro de casa e fazendo denúncias de situações de risco à plataforma 156”, completou.
Quanto ao caso em questão, ela ressalta que encaminhará relatório completo à Vigilância Sanitária, que irá arbitrar o valor da multa em razão de “risco iminente à saúde pública”. Até o início desta tarde, quatro caminhões repletos de inservíveis já haviam sido retirados do endereço.