A Prefeitura de Limeira (SP) lança nesta semana uma campanha de conscientização sobre Dignidade Menstrual por meio de depoimentos que serão veiculados nas redes sociais. A iniciativa é do prefeito Mario Botion e da vereadora Mariana Calsa, com apoio da Acil e do coletivo Roda da Saia, em alusão ao 28 de maio (data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Dia Internacional da Dignidade Menstrual). O município foi um dos primeiros do estado a contar com uma legislação dessa natureza.
De acordo com Mariana, a Dignidade Menstrual vai muito além do acesso universal aos absorventes íntimos. O conceito, conforme ela, engloba também a promoção da saúde da mulher, o combate à desinformação sobre a menstruação e o enfrentamento à desigualdade de gênero na execução das políticas públicas. “O acesso aos absorventes e às informações corretas sobre o ciclo menstrual passam pelo direito à educação e à saúde”, ressaltou a vereadora.
Ela destaca que a dificuldade em torno dos absorventes afeta principalmente o desempenho escolar de mulheres jovens, que vivem em situação de vulnerabilidade social e econômica. “Uma em cada quatro alunas já deixou de ir à escola pela falta de absorventes”, afirmou. Sem condição de comprar absorventes ou itens básicos de higiene pessoal, muitas acabam utilizando materiais inadequados para conter o fluxo menstrual, como miolo de pão, algodão, jornais, entre outros. “São condutas que podem provocar infecções e outros problemas graves de saúde”.
Em abril, o coletivo Roda da Saia foi recebido pelo chefe do Executivo para tratar da Dignidade Menstrual. A socióloga e coordenadora do grupo, Mara Jacqueline de Oliveira, lembrou que o Roda da Saia se posicionou ativamente pela aprovação na Câmara Municipal do projeto elaborado pela vereadora.
Mara defendeu a importância da causa por duas vertentes. A primeira, pelo fato de garantir o acesso das mulheres à saúde pública. E a outra, por evitar que as meninas em situação de vulnerabilidade social faltem à escola durante o período menstrual, considerando-se que, atualmente, elas começam a menstruar cada vez mais cedo. “Existe um grande número de meninas que começam a menstruar aos 8 anos”, contou.
Ela, ainda, discorreu acerca do tabu criado em torno da menstruação. “As famílias pouco falam com as meninas sobre a menstruação ou tratam esse período como algo absolutamente natural”, relatou. “As adolescentes, no geral, não tem informação, sentem vergonha de conversar sobre o assunto”, completou Mara. Nesse sentido, ela também chama a atenção para o papel da escola em esclarecer o tema e levar informações corretas às estudantes.
Já a vice-presidente da Acil e superintendente do Conselho da Mulher Empreendedora, Rosi Luck, ponderou que o tema da Dignidade Menstrual também tem mobilizado a entidade. No ano passado, a campanha “Florescer”, lançada pelo Conselho e pela OAB, conseguiu arrecadar 13.447 absorventes íntimos – doados posteriormente ao Fundo Social. “Neste ano, faremos uma campanha ainda maior”, frisou.