O atleta paralímpico André Rocha vive o auge da carreira aos 47 anos. Multicampeão das modalidades de lançamento de peso e de disco, ele faz parte da delegação brasileira com 254 atletas que disputará as Paralimpíadas de Paris, na França, a partir desta quarta-feira, 28 de agosto. É a primeira vez que Rocha participa do maior evento esportivo do mundo.
Nascido e criado na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, Rocha entrou para a Polícia Militar em 2000 e serviu por sete anos o 5º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM/I). Em 2005, durante uma perseguição policial, um acidente fez com que sua trajetória na corporação fosse encerrada de forma precoce.
O soldado, na época, atendia uma ocorrência de furto a residência na região. No acompanhamento a dois suspeitos, um deles subiu no telhado e ao tentar captura-lo, acabou caindo em um terreno baldio ao lado da casa e fraturando a coluna. O acidente deixou o policial tetraplégico. Antes de ir à reserva, permaneceu por dois anos realizando serviços administrativos na corporação.
“Eu tinha uma carreira, ainda tinha muito o que fazer. Gostava muito do meu trabalho, mas, infelizmente, são coisas que podem acontecer na profissão”, lamentou Rocha. Até hoje, já realizou dez cirurgias por conta do problema da lombar. Em 2008 precisou do auxílio da cadeira de rodas para poder se locomover, mas isso não o impediu de seguir outros caminhos.
O início de um sonho
Há 11 anos, o policial da reserva conheceu o Projeto Paralímpico Esporte para Todos, da Secretaria de Esporte de Taubaté. Lá, descobriu um talento que o ajudou a ter uma ascensão meteórica no esporte: ser arremessador de peso e de disco.
Em 2013, no mesmo ano em que conheceu o projeto, o atleta disputou o seu primeiro campeonato paulista de arremesso, realizado em Campinas, interior do estado. Rocha foi campeão e recordista das duas modalidades.
Desde então, já disputou três campeonatos mundiais, dois parapanamericanos e vários campeonatos nacionais e internacionais representando o Brasil. Foram 80 medalhas conquistadas, entre ouro, prata e bronze.
Alguns momentos na carreira foram especiais. O arremessador lembra de seu 1º mundial disputado em Londres, na Inglaterra (2017), onde além de ser o campeão, quebrou o recorde da categoria que perdurava por mais de 10 anos — o disco atingiu a marca de 23,80 metros após o lançamento.
Mas nenhuma dessas lembranças se compara a sua participação nos Jogos Mundiais Militares de Mungyeong, na Coréia do Sul (2015), quando foi convidado pelo Ministério da Defesa para participar do evento.
“Na época, como foi a primeira vez que pessoas com deficiência foram convidadas, não houve separação, então a disputa foi com todos juntos. Consegui sair com a medalha de prata no disco”, disse o paratleta. Ele foi o primeiro policial militar brasileiro a disputar a competição e o primeiro atleta militar paralímpico da história a ganhar uma medalha nos jogos.
“O fato de ter sido policial me ajudou muito. Você aprende tantas coisas na corporação que acabam te dando mais segurança. Você se sente mais determinado”, afirmou o militar.