A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (12) a Operação Cambota, que investiga fraudes em descontos ilegais de mensalidades associativas em benefícios previdenciários. Durante a ação, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva contra os empresários Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti. Também foram realizadas 13 buscas e apreensões em endereços ligados aos investigados, todas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Apontado como principal articulador do esquema, Antunes foi preso em Brasília. Segundo a PF, ele é suspeito de liderar uma organização que teria movimentado mais de R$ 6 bilhões desviados de aposentados e pensionistas. Em maio, a polícia já havia apreendido na casa de um de seus filhos uma BMW e documentos relacionados às investigações.
Outro alvo da operação foi o advogado Nelson Wilians, conhecido pela ostentação em redes sociais e dono de um dos maiores escritórios de advocacia do país. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontaram repasses de R$ 15,5 milhões de seu escritório a Camisotti, por meio de transações consideradas “atípicas”. Wilians nega irregularidades e afirmou, em nota, que os valores se referem à compra de um terreno e que a relação com o empresário é “estritamente profissional e legal”.
A defesa de Antunes classificou a prisão como “surpresa” e afirmou que o cliente tem colaborado com a Justiça. Segundo o advogado Cleber Lopes, os documentos apreendidos serão apresentados à PF para “desfazer uma compreensão equivocada dos fatos”.
O caso também é investigado por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada no Congresso. O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que as prisões representam apenas um primeiro passo. “Temos outras 19 pessoas cuja prisão já foi solicitada ao STF. Essas prisões chegam com atraso, pois a PF já tem informações sobre o envolvimento da quadrilha, as associações e empresas de fachada”, disse.
A CPMI aprovou ainda cerca de 400 pedidos de informação e de quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático dos investigados. O colegiado pediu ao ministro André Mendonça que autorize a ida de Antunes e Camisotti ao Congresso para prestar depoimento na próxima semana.


