A Justiça de São Paulo revogou nesta quinta-feira, 17, a prisão domiciliar do ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 173 anos de prisão, acusado de abusar sexualmente de pacientes. A decisão da juíza Andréa Barreira Brandão, da 3.ª Vara de Execuções Criminais da Comarca de São Paulo, foi tomada após denúncias de fraude nos exames médicos do detento, de 76 anos.
A decisão foi tomada após perícia médica, cujo resultado concluiu que o réu tem condições de fazer seu tratamento de saúde dentro da prisão, o que possibilita o cumprimento da pena em regime fechado. Segundo a juíza, houve indícios de que Abdelmassih consumiu remédios com o objetivo de aparentar estado de saúde pior do que o que realmente tinha para alterar o resultado da perícia e conseguir ser enviado para casa.
Abdelmassih havia sido beneficiado com a prisão domiciliar em 2017, por causa de problemas cardíacos. O direito a cumprir a pena em casa se dava mediante certas condições, como ser submetido à perícia médica trimestral. Neste ano, porém, ele teve a prisão domiciliar suspensa, após denúncias de que teria fraudado laudos que embasaram a decisão que concedia o benefício
O ex-médico, então, foi levado pela Polícia Civil de sua casa, nos Jardins, zona sul paulistana, para o Hospital Penitenciário de São Paulo, até manifestação definitiva da Justiça.
Conforme a juíza, houve indícios de que Abdelmassih usou “seus conhecimentos médicos para ingerir medicações que levaram a complicações e descompensações intencionais, a fim de alterar a conclusão da perícia judicial”.
Ela ainda escreve que sua decisão foi balizada em laudo elaborado pelo especialista em Perícia Médica e Medicina Legal, Elcio Rodrigues da Silva. “O tratamento atual pode ser realizado na modalidade ambulatorial”, escreveu o perito. Segundo o laudo, há risco de complicações em qualquer local em que esteja domiciliado.
Procurada pela reportagem, a defesa de Abdelmassih não se manifestou até as 21 horas. A Secretaria de Administração Penitenciária informou que ele deu entrada na Penitenciária II de Tremembé às 18 horas.
Alívio
Vítimas do ex-médico disserem nesta quinta ter sentido alívio com a decisão. “Além da violência física, eu e outras mulheres estávamos sofrendo uma violência psicológica com ele fora da cadeia”, disse Vanuzia Lopes à reportagem. “Temos uma ferida que nunca vai cicatrizar, mas notícias como essa ajudam a superar”, disse Ena Castello, outra vítima. Segundo as denúncias, os abusos eram cometidos dentro da clínica do ex-médico.