Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), excluindo os tumores de pele, o câncer de próstata é o mais comum entre os homens e o câncer de mama o mais frequente entre as mulheres, alcançando 20,8% do total de casos registrados por ano. Ainda de acordo com levantamento do INCA, a ocorrência de dores crônicas em pacientes com câncer é extremamente alta, com relato de mais de 70% dos pacientes, sendo que para 44% deles as dores são intensas.
As dores em pacientes com câncer são frequentemente causadas por invasão do tumor nos tecidos, procedimentos cirúrgicos, quimioterapia, radioterapia e metástases ósseas. O Doutor André Mansano, médico intervencionista da dor, afirma que alguns tipos de câncer costumam causar mais dores do que outros e as dores estão relacionadas a área afetada pela doença. “Quase 95% dos pacientes com câncer de pâncreas, por exemplo, relatam dores abdominais. Tumores osteomusculares e do sistema nervoso central também são capazes de provocar dores crônicas com muita frequência, o mesmo ocorrendo com tumores que produzem metástases ósseas”, afirma o médico.
Vários estudos mostram que de 30 a 50% dos pacientes com câncer têm suas dores “subtratadas” e por vários motivos, que vão desde a ideia de que as dores são algo esperado no paciente com câncer, passando pela insegurança de alguns clínicos em prescrever analgésicos mais fortes e erro de diagnóstico, entre outros. “Há ainda uma baixa taxa de encaminhamento desse paciente para o especialista em dor, apenas 3% dos pacientes com dores relacionadas ao câncer são atendidos por esse profissional que poderia avaliar com mais precisão a origem do problema, até porque nem toda dor em pacientes com câncer advém do câncer”, esclarece o Dr. André.
Medicina Intervencionista da Dor: o que é?
A Medicina Intervencionista da Dor é uma área de atuação médica que visa realizar diagnósticos e tratamentos, em pacientes com dores crônicas, através de procedimentos minimamente invasivos e esse especialista pode auxiliar significativamente o controle das dores de pacientes com câncer. Nos casos em que as dores sejam de difícil controle com medicamentos ou naqueles casos onde os efeitos colaterais dos medicamentos sejam muito importantes, são usadas técnicas para abolir a inervação do órgão afetado. “Pode-se intervir com a aplicação de uma corrente de radiofrequência no nervo, por exemplo, ou através da infusão de fármacos diretamente na coluna, com o que chamamos de “Bomba de infusão de fármacos”. Os estudos mostram que o tratamento correto das dores no paciente com câncer aumenta inclusive o tempo de vida desses pacientes”, explica.
Tratamento das Dores Relacionadas ao Câncer
Existem inúmeras opções para o tratamento das dores relacionadas ao câncer. Usualmente seguimos o tratamento em etapas, utilizando analgésicos mais potentes dependendo do nível da dor do paciente. Essa abordagem é preconizada pela Organização Mundial da Saúde que criou a “Escada Analgésica da Dor”
Existem inúmeros medicamentos que podem ser utilizados para o tratamento das dores relacionadas ao câncer, como:
-Analgésicos simples (ex. dipirona, paracetamol)
-Anti-inflamatórios (ex: diclofenaco, colecoxib, cetoprofeno, cetorolaco, etc.)
-Corticosteróides (ex: dexametasona, prednisona, prednisolona, etc.)
-Opióides (ex: morfina, metadona, codeína, tramadol, oxicodona, etc.)
-Antidepressivos específicos (ex: amitriptilina, duloxetina, venlafaxina, etc.)
-Anticonvulsivantes específicos (ex: pregabalina, gabapentina)
Mas como muitos pacientes não conseguem alívio com medicamentos ou os efeitos colaterais das medicações acabam sendo danosos demais, é recomendado o uso de procedimentos intervencionistas que são realizados sem a necessidade de cortes e internação, com o paciente tendo alta no mesmo dia. “Os procedimentos variam de acordo com a localização e a intensidade da dor, sendo mais comuns nos tratamentos dos tumores na região craniana ou orofaringe, região cervical, pulmão, mama, região abdominal e nas metástases ósseas”, conclui o Dr. André Mansano.
Sobre o Dr. André Mansano
Dr. André Mansano, médico especialista no tratamento de dores crônicas Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina é médico Intervencionista da Dor na SINGULAR – Centro de Controle de Dor, em Campinas/SP e do Hospital Israelita Albert Einstein/São Paulo/SP. É especialista na Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro do Comitê de Educação do “World Institute of Pain” e da Sociedade Brasileira dos Médicos Intervencionistas em Dor.