Se você visitasse o MWC deste ano e pensasse que você foi parar em algum evento mundial de lançamentos de carros ou uma exposição de fones de ouvido digitais, você seria perdoado. Assim como nos anos anteriores, nessa edição também há muitos carros e fones de ouvido projetados para operar com IoT e 5G. Porém, uma novidade que ganhou destaque nessa edição foi a inteligência artificial, tema que norteou vários painéis, discussões e lançamentos em produtos e soluções.
Mais atento ao mercado e aos assuntos B2B, vi que outro tema relevante discutido foi como os prestadores de serviços podem ofertar novos serviços e começar a ganhar dinheiro com o que os consumidores estão usando em seus smartphones. Essas novidades estão fazendo com que o tráfego de dados ganhe total prioridade, pois os clientes usam cada vez mais os celulares como o centro de controle de serviços para suas vidas.
Parece um pouco dramático
Atualmente, TV e vídeo são transmitidos principalmente por meio de celulares. Há uma geração de crianças que não consegue se lembrar de ouvir música em qualquer lugar, exceto por meio de um telefone, e quanto a pedir um táxi, ou mesmo qualquer serviço, você obtém a imagem. Alguns anos atrás, um executivo da AT&T disse que os celulares estão se tornando os controles remotos da vida das pessoas. Ele não estava errado. E é aí que entra a ironia dos prestadores de serviços.
A mobilidade está ganhando corpo e o número de novos serviços que usam o celular como entrega e como canal de engajamento do cliente cresce na mesma proporção. Mas a pressão dos preços sobre os dados é tal que os provedores de serviços estão envolvidos em uma corrida contra o tempo e me parece sem sentido, pois os dados serão gratuitos, cedo ou tarde. Os dados são uma mercadoria e os provedores de serviços precisarão ganhar receita com os serviços habilitados pelos dados móveis. Isso faz com que algumas telcos se tornem empresas de entretenimento, de internet, bancos, agências publicitárias, de serviços de energia e, em alguns casos, todas as mencionadas acima.
As novas oportunidades de negócios são enormes e as pressões sobre os prestadores de serviços se modificam à medida que as margens de venda de serviços de telecomunicações tradicionais ficam menores e escassas. As telcos usaram o BSS (sistemas de suporte de negócios) há anos para ganhar dinheiro com seus serviços e agora muitos desses sistemas estão sendo atualizados para suportar todos os novos serviços, canais e novos modelos de negócios que os provedores de serviços desejam experimentar.
Muitos provedores de serviços iniciaram projetos de transformação digital pautados em BSS de longo prazo. Esse modelo leva tempo, é caro e complexo. Todo o tempo, a Amazon, ou o Google, ou o Facebook, estão analisando como eles podem fazer com que os clientes dos provedores de serviços gastem mais dinheiro com eles à medida que lançam novos serviços. Em muitos casos, os provedores de serviços não podem competir porque seu sistema BSS está recebendo uma revisão digital de 5 anos. Os provedores de serviços não têm tempo para aguardar a conclusão da transformação do BSS.
Eles precisam oferecer serviços digitais agora e habilitar a personalização para que eles possam aumentar o número de serviços. Eles também precisam fazer com que as soluções sejam implementadas de forma rápida e econômica. Cada vez mais os provedores de serviços precisam executar plataformas automatizadas e em tempo real que podem ajudá-los a ganhar dinheiro com os novos serviços digitais e adotar novos modelos de negócios.
Ainda sobre o MWC, percebi que os provedores de serviços estão buscando cada vez mais direcionar sua rota de ofertas rapidamente para o digital. Isso pode envolver a implementação de soluções complementares (por exemplo, coleta de dados em tempo real para o faturamento legado) a fim de fornecer os recursos necessários para conquistar o estágio: “pronto para transformação digital”.Também está sendo discutido como os microserviços proporcionam uma abordagem muito mais ágil, permitindo aos provedores de serviços implementar soluções personalizadas, gerando receita rápida e um roteiro de caso / solução de uso flexível que pode estar vinculada aos principais requisitos do provedor de serviços (e não o fornecedor).
Temas como: ofertas, política, cobrança em tempo real; inteligência de seleção de rede; DevOps reduzindo significativamente os custos de desenvolvimento de sistemas e software; tudo isso está em pauta.
Já estamos quase no fim, mas vale a pena conferir.
Este está sendo mais um ano de grandes e importantes discussões. (*) Antônio Júnior é vice-presidente de Marketing e Vendas da Openet para América Latina